segunda-feira, abril 25

O Dia Inicial...

Lembro-me perfeitamente do dia.
Manhã fria e chuvosa, saímos como todos os dias ás 6,30 da manhã.
Era assim nesses tempos, os miúdos saíam de casa pela madrugada e voltavam noite cerrada. O convívio com os pais era muito restrito.
Depois da volta habitual; Chança, Cunheira, Monte da Pedra, Aldeia da Mata, Flôr da Rosa, Crato e Alter, onde chegávamos depois das 8:00 horas, parávamos frente ao portão do colégio particular. Rapazes para um lado, raparigas para outro.
Mas nesse dia havia algo diferente no ar.
No átrio das salas de aula, as funcionárias; Menina Teresa e Menina Antónia, ouviam um pequeno rádio onde não cantava o Mourão, o Artur Garcia, a Tonicha.
Tocava coisas diferentes.
Havia uma música ritmada que falava de fraternidade, de igualdade, de povo.
Acho que nos mandaram para casa a meio da manhã.
E eu, miúdo de 14 anos, nem fazia ideia o quanto o meu mundo tinha mudado naquela madrugada.

3 comentários:

  1. Saudade, motivo que aflige sem uma causa própria.
    Sensação de angústia quando se está em liberdade.
    Um sufocar tão puro e amargo, de algo bom que passou.
    Saudade que arranca de meus braços as sensações belas e confortantes, que já foram embora.
    Mas está aqui ainda, está saudade, todo dia, para provar, só para isso.
    Provar que tudo aconteceu, que eu vivi e clamo por isso.
    Faz sentido... o passado válido...
    Válido toda essa alegria...

    Beijos...

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  2. Fizeste-me lembrar o dia, ou melhor, a madrugada.
    O telefone tocou às 5,30 da manhã.
    "Desculpe, minha senhora, a minha chamada foi de novo parar a sítio errado....a senhora sabe o que se está a passar? Houve uma revolução, há tropa por todo o lado".
    Liguei o rádio: música militar.
    "Vamos dormir, 'isto' não tem nada a ver connosco"
    Mas um certo desassossego impediu o sono.
    "Vou ver o que se passa..."
    "Espera, eu também vou!"
    "Com essa barriga, 'tás doida?"
    (a Rita nasceu 2 dias depois, 3 semanas antes do previsto)

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  3. Eheheh
    Titas, a tua cria estava mortinha por viver em liberdade.

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