quinta-feira, março 31

Hino ao mau gosto



O muro do quintal da ex-Casa do Povo foi construído, pelas minhas contas, em meados dos anos sessenta (60). Terá bem 46 ou 47 anos. Durante todos estes anos manteve-se em “su sítio”, a fazer aquilo para que foi construído.

Agora que ameaçava ruir, pedia o bom senso que fosse derrubado e reconstruído com novos materiais, mas respeitando a traça original.
A isso chama-se restaurar, preservar memórias.

Mas alguém optou pelo trabalho que as fotografias bem documentam e que eu acho horrível.

Apetecia-me fazer algumas perguntas:

Com o betão gasto não se reconstruía o muro como devia ser?
A Câmara aprovava este projecto a um particular?
Foi comprado o direito de ocupação do espaço das “sapatas” na propriedade vizinha?
Os proprietários não poderão vir a pedir uma indemnização á Junta?

PS: Mais uma vez, é só a minha opinião, que estou disposto a discutir com qualquer um. Com respeito e elevação.

quarta-feira, março 30

Ribeiro de Pêro Calvo - Seda

Elefante Branco II


Exmo. Senhor
Presidente da Junta de Freguesia de Seda

Provavelmente ninguém sabe como nós, como foi a génese da construção da Praça. Uma obra que nunca esteve nos Planos Anuais da Junta, foi no entanto aceite quando a Câmara resolveu disponibilizar verbas para Seda, coisa rara naqueles tempos.
Em boa hora se construiu. Não se podia imaginar na altura que hoje seria impensável a nossa malha urbana sem este edifício. Além de ser um caso notável de integração e aceitação, mudou radicalmente a centralidade da vila. Pena nunca ter funcionado a 100%, o que nós já esperávamos.
Durante muitos anos foi uma grande fonte de despesas para a junta. Eu não estou de posse dos dados actuais, mas imagino que continue a ser. O que não é insólito. É um serviço que se presta á população, que logicamente tem os seus custos.
Se é lógico que a autarquia suporte os custos dum serviço público, não é menos que este deve, podendo, dar contrapartidas, isto é, ser útil. Não é aceitável que um equipamento com aquela qualidade e no centro da nossa vida social, esteja e continue em grande parte desaproveitado. Se não serve como praça, finalidade para que foi construída, mude-se o destino.
Limpo todo o espaço das bancas, rasgando as paredes do lado da rua e da escola, substituindo-as por vidro, dá, aí sim, uma excelente Sala de Leitura, de Jogos e Zona Wirless. (no centro real da freguesia)
Depois dessas modificações, que não serão muito caras, se a junta transformar a loja anexa num pequeno Quiosque, estou em crer que não terá grande dificuldade em alugá-lo.
Deixar o espaço assim como está, às moscas, é inconcebível numa comunidade com tanta falta de equipamentos. O que a ex-Casa do Povo nunca foi, por estar mal situada, pode fazer-se aqui.

Grato pela atenção dispensada,

PS: Por favor, todas as opiniões são bem vindas, mas se possível assinadas e construtivas.

terça-feira, março 29

Elefante Branco I


Caro Amigo
Ao contrário do quiçá movimento “Mães de Seda” que tão escandalizadas ficaram com o “seu” Elefante Branco, (perdoai-lhes senhor, pelo miolo mole), eu concordo plenamente com a sua expressão.
Aquela Praça, que pela actual frequência melhor seria chamar-se Park Jurássico, foi realmente uma obra faraónica que Seda nunca pediu, nem nunca achou fazer-lhe falta.
Eu sei, porque acompanhei o processo. Foi uma obra imputável á insanidade do período Cavaquista, (quando o dinheiro jorrava), combinado com a proverbial incompetência das gestões socialistas da Câmara de Alter.

Foi durante muito tempo um “sorvedoiro” de dinheiros para a Junta de Freguesia, que anos a fio, (não poucos), pagou para que as portas estivessem abertas.
Estou há muito afastado, não sei como as coisas estão agora, mas duvido muito que alguma coisa tenha mudado.

Eu no princípio deste mandato da Junta, procurei colaborar com uma ideia para a reconversão do espaço, (edito amanhã), junto do Sr. Presidente. Mas ao invés do que eu esperava, nem mereci uma resposta.
Certamente nos eleitos da Junta e Assembleia de Freguesia, aja um tão grande “stoc” de massa cinzenta, que não precisem do contributo exterior.

segunda-feira, março 28

Ter razão antes de tempo


A escolha amanhã resume-se uma mera opção entre propostas iguais. Sendo á partida candidatos sem conteúdo, temo que se privilegie o acessório.
     //
Já com os nervos em franja
Estamos finalmente á beira
De assistir na sexta-feira
Às directas dos Laranja
..
Foram horas de debate
Muito chatas, repetidas
Soluções, contra medidas
Muito grito e pouca arte
..
Não levem por maledicência.
Um minorca, outro graúdo,
A escolha não tem ciência.
..
Sendo os dois sem conteúdo
Vão votar pela aparência
Ganha o alto e espadaúdo
       //
Era Fevereiro de 2010, e estava escrito, não só a eleição de um clone (rasca) de Sócrates, como a sua previsível chegada á área do poder.
 Este moço mostra todos os tiques da trampa criada nas “jotas”, e está pronto, seguido duma legião de sanguessugas, para, como já o anunciou, chegar ao “pote”. Vai ser um fartar vilanagem.
Como já seria de esperar, começou bem. Com mentiras, falsidades, incompetências, como legitimo herdeiro e continuador de Sócrates, Santana, Barroso, Guterres, Cavaco, e mais uns tantos coleccionadores de benesses que os antecederam.

A nova medida propalada por esta jovem “aventesma”, não é mais que o pensamento típico dos nossos insignes economistas, que confundem trampa com medidas económicas, como o prova o estado do país.

Privilegiar aumentar os Impostos Indirectos (IVA), aos Impostos Directos (IRS, IRC), significa o quê? Que quem ganha 500 €, e gasta tudo, (como não?), é taxado sobre 100% do rendimento.
Quem ganha 5.000 € e gasta 4.000 €, só é taxado a 80% do rendimento. 
Estúpido, não é? Ou será só a continuação da concentração da riqueza?

domingo, março 27

Agradecimento

Amigo João

Obrigado pelo texto que me deu a publicar sobre a morte do meu parente Silvestre Rosa David.
Eu pensei escrever alguma coisa na altura, mas como sabe, não tenho muito jeito para esta escrita séria.
Fico sempre com medo de parecer desrespeitoso.
O amigo tem muito mais tacto que eu, além de também um maior contacto que eu com o “Russo”.
Pena foi que o texto original publicado no Mensageiro de Alter, fosse impublicável, (devido á extensão), mas deixei-o na minha página do Facebook.
Espero ter mais oportunidades de publicar/divulgar artigos seus.

sábado, março 26

Dia a dia

Estamos de novo num sábado, daqueles que eu tenho vindo a aprender a gostar.
Foi uma semana longa e terrível esta, começou ainda em meados da anterior.
Recebi notícias difíceis e inesperadas, daquelas que nos deixam revoltados.
Tomei resoluções imperativas e inadiáveis.

Tudo durante a maior crise respiratória que alguma vez tive.
Por diversas vezes estive á beira de ter que procurar ajuda hospitalar.

Felizmente neste momento estou medicado e bem melhor.
Por cá continuo, com a cabeça entre as orelhas, porque erva ruim...

Momentos bons, também tive alguns...
Quando consigo soltar amarras e navego.

Explicação

Meu caro amigo:

No último número do" Mensageiro de Alter" publiquei a última homenagem ao nosso amigo "Russo", conforme cópia que te vou enviar em anexo.
Em determinado parágrafo eu disse que ele era um dos participantes no "fórum" que se reunia diariamente, na praça, uma das raras actividades que se conhecem daquele  "elefante branco".
A expressão elefante branco que se utiliza, normalmente, de forma metafórica para significar grandes construções ou empreendimentos que se revelam pouco ou nada rentáveis relativamente aos fins para que foram concebidos, foi traduzida, por gente cuja iliteracia joga apenas com velhacaria, como discoteca ou casa de alterne - parece que há uma discoteca com este nome, que eu não conheço - logo eu pretendi ofender as mulheres de Seda que frequentam a praça
Parece que já houve alguém que fez o necessário e correcto esclarecimento. No entanto, no texto que envio, igual o que foi publicado, tive o cuidado de colocar em nota final o sentido da expressão para que não restem dúvidas.
Agradeço que em nome da nossa amizade faças a divulgação que julgues mais conveniente de uma historia que apenas pretendeu homenagear a memória do "Russo" , um cromo cuja vida não foi nada fácil.

Um abraço amigo do:

(João Raposo)

Nota: Meu Caro. Quem o conhece nunca lhe atribuiria esse processo de intenções. Pelo que só será possível lembrar o velho ditado dos cães e da caravana a que se lembrou de tal aleivosia. É deixá-los ladrar.

sexta-feira, março 25

A trágica morte do "Russo"


Faleceu no passado dia 26 de Fevereiro na Unidade de Queimados do Hospital de S.José, em Lisboa, o nosso conterrâneo e amigo, Silvestre Rosa David, mais conhecido por “Russo”.
A causa da sua morte deve-se a queimaduras de primeiro grau num braço e nas costas, devido a queda para a lareira, com lume bastante forte, onde permaneceu, por tempo indeterminado, impossibilitado de se retirar e de ser assistido em tempo oportuno.
Consta que, quando se conseguiu levantar do braseiro, apagou com água a roupa que trazia vestida, ainda a arder, permanecendo os restos da camisa e do casaco, já carbonizados, nas feridas provocadas pelas queimaduras e assim se mantendo durante cerca de três dias, até ser aconselhado a apresentar-se no Posto Médico de Seda de onde transitou para o Centro de Saúde de Alter do Chão, Hospital de Portalegre e Hospital de S.José.
Tive oportunidade de o visitar na véspera da sua morte. Falei com ele durante alguns minutos, dada a limitação de tempo que me foi imposta, e com a enfermeira responsável que acompanhava a sua situação.
Estava prevista para os primeiros dias da semana seguinte uma intervenção cirúrgica para lhe retirar pele de uma perna a fim de ser iniciado o processo de enxerto das partes queimadas. Infelizmente já não teve essa possibilidade. Na madrugada de sábado (dia 26/2/2011) o “Russo” sucumbiu às queimaduras.
Durante alguns anos viveu do rendimento social de inserção, fazendo alguns trabalhos agrícolas e a recolha de produtos silvestres na época própria, que vendia, normalmente, durante a Primavera e o Verão a alguns forasteiros e a residentes temporários durante o período de férias.
Os seus tempos livres eram passados entre a participação no “fórum” que se reunia, diariamente, nos bancos da praça, uma das raras actividades que se conhecem daquele “elefante branco”(a) onde era uma das figuras mais conhecidas,  e a  visita regular à “ Quadra” e ao “Lagar”, os dois cafés da zona onde gastava a maior parte do seu dinheiro.
O frio intenso do Inverno e as fracas condições da sua habitação obrigavam a que o aquecimento da casa se fizesse à custa do consumo de muita lenha que ia obtendo com relativa facilidade.
No entanto, a obtenção de grandes lumes, na chaminé, para combater o frio era incompatível com a quantidade de álcool que ingeria diariamente. A utilização simultânea de muito álcool e muito lume foi-lhe fatal.                                             
No trabalho nunca assumiu que era a sua condição de saúde e fraqueza física, resultante da idade e de uma alimentação muito desequilibrada que o impedia de continuar a trabalhar durante muito tempo.
No entanto, nós compreendíamos a situação e ele sempre soube que podia contar com os amigos em qualquer situação.
Por isso aqui fica registado o nosso testemunho e agradecimento e o:
Até sempre Silvestre.

(a)    De acordo com a Wikipédia – termo utilizado na política para se referir a obras públicas sem utilidade.

Seda, 10 de Março de 2011

 (João Aurélio Raposo)