segunda-feira, maio 26

In ARRUMADOR DE PALAVRAS «O Livro»



Não acho este poema triste, pese embora o tema o pareça. Antes pelo contrário, tem ritmo e um final divertido de tragi-comédia.

Rumo ao Fim

Sou filho da pouca sorte
Nasci num dia de azar
Tenho entrevista com a morte
Por mais caminhos que corte
Lá nos vamos encontrar

Eu chego de peito aberto
Ela de foice empunhada
E quanto mais chega perto
Mais sinto que tenho certo
O fim desta caminhada

Não tenham pena de mim
Já estava tudo acertado
Quando ela chega, por fim
Volteia a lâmina e assim
Cai meu corpo decepado

sábado, maio 24

DIVAGANDO



Há palavras que de tanto usar se tornam banais. “Parabéns” é uma delas. Devia haver um outro grau de felicitar alguém por mais um aniversário; o normal, para as pessoas comuns e uma palavra nova, diferente, que até podia ser inventada na hora, para quem se gosta muito.
Por exemplo: Repzigue.
Então, todos os dias se inventavam palavras novas que só tinham valor para duas pessoas, para mais ninguém, mas para elas valeria tudo, porque eram únicas como as pessoas.  
E todas as pessoas tinham que usar uns caderninhos para ir apontando as palavras inventadas e a quem correspondiam, até que elas ganhassem rosto. E os que tivessem caderninhos com mais palavras novas eram os mais ricos, os mais valorizados, por terem mais amigos.
Talvez um dia as palavras banais caíssem em desuso e se pudessem dizer as coisas importantes com palavras únicas.
Até não ser assim eu vou cumprindo o rito anual para as pessoas de quem gosto, de uma outra maneira, como eu quero, divagando ou contando histórias. Tentando fazer-lhes saber que são diferentes e únicas para mim. E merecem ter uma palavra com o rosto delas, que só me façam lembrar delas.

sexta-feira, maio 23

In ARRUMADOR DE PALAVRAS «O Livro»



Este poema foi escrito como resposta a uma amiga. Uma mulher única, que me atura as birras, as inseguranças, me mima quando tenho precisão e me dá colo no pique dos meus medos. Que bom ter um aconchego, sob a luz dos seus lindos olhos tristes.

AUSÊNCIA

Nasce a madrugada nos meus olhos
Já de clarear começa o novo dia.
Lembro uma bela tarde de emoções,
De palavras novas ditas ao ouvido
E doces partilhados boca-a-boca.
           
Uns braços que se apertam sobre nada
A louca ilusão de ser alguém
E um beijo que se nega, sem motivo.

quinta-feira, maio 22

ASSIM, ETERNAMENTE



E haver vida em nós, por todo o sempre.
E haver outros dias
E outros sóis, sem nuvens
E todos serem nossos, sem limites.
E percorrer os limites do teu corpo, conhecer os teus sinais
E desejos
E tremores
E ais.
E mergulhar em ti,
Como o náufrago feliz,
Que se afunda,
Não pra morrer, mas pra viver.
E quereres ser minha, por opção
E eu ser teu, naturalmente.
E não haver céu, nem terra,
Mas o limbo e nós.
E vida e nós.
E por pouco que fosse, ser tudo.

- j a g – 21/05/14

terça-feira, maio 20

“AMIGO” PEDRO



Li, reli, treli e não resisti a beliscar-me para acreditar no comunicado facebookiano do “amigo” Pedro de todos nós.
Ainda pensei dizer-te que nunca andámos juntos na escola, nem comi da tua gamela para me chamares amigo. Mas como sou pessoa educada, aceito este tratamento tão estranho de proximidade.
Sabes Pedro? Mesmo que algumas pessoas sejam indignas dos cargos que desempenham, por incompetência, como é o teu caso, os cargos em si, como o de Primeiro-Ministro, merecem ser dignificados por quem os ocupa.
Aquele comunicado/mensagem, mostra uma enorme pobreza de tudo. É lamechas, piegas, imbecil, demonstrativo do teu analfabetismo funcional e das pessoas que te rodeiam. Não tinhas nesse imenso séquito de assessores, secretárias, motoristas, guarda-costas, alguém capaz de se sentar e escrever algo minimamente coerente?
Às falhas linguísticas, eu atribuo-as ao possível “pretuguês” da Laura, mas a falta de consistência, Deus meu? Aquilo é muito mau para ser colado á figura do chefe de governo de um país do primeiro mundo. Se é que nós o somos…
É verdade que quando ouço falar o nosso chefe de estado me pergunto sempre se aquelas rascas rábulas de idiotice não querem dizer que este país não é mais que uma ópera bufa.
Mas tu, meu rapaz, que terminaste aos quarenta anos e sem fazer mais nada, um curso que muito estudante/trabalhador consegue muito mais cedo, devias ter alguns cuidados. Imagina se alguém se lembra de investigar e encontra outro “canudo” à Relvas?
Eu há muito tempo disse de ti e com razão, que tu tanto podias ser primeiro-ministro como namorado da Barbie, as qualidades exigidas são as mesmas. Tinha razão, não pelo estilo amaricado do Ken, mas pelas qualidades que ostentas. Já foste casado com uma barbie, a menina das Doce, não foste? Acho mesmo que esse é o único facto relevante que podes ostentar no Cartão-de-Visita; ex. consorte da doce Doce.

A crónica já vai longa e eu, como pessoa mais velha e mais inteligente, deixo-te um conselho. Lembra-te que Portugal teve e tem gente de muita qualidade, não foi feito só pela camarilha da qual fazes parte, também houve e há, muito português digno.