quarta-feira, junho 30

Diário do Mundial

Na conferência de imprensa, Queiróz está a dizer um chorrilho de banalidades.
Só não faz o que seria óbvio:

DEMITIR-SE

Diário do Mundial

...ou as porcarias de Queiróz.

O seleccionador diz que os adeptos deve estar orgulhosos.

Eu pensei, pensei, pensei...

E dou-lhe razão.

Afinal, conseguimos ganhar á Coreia do Norte, esse baluarte do futebol mundial.

Portugal praticava um futebol admirado no mundo inteiro, hoje é uma equipa de medrosos.

segunda-feira, junho 28

Professor Betâmio de Almeida – O homem, o pedagogo e o humanista

Editada pela Câmara Municipal de Benavente em colaboração com a Associação de Estudos e Publicações em Educação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, tive acesso, por intermédio de pessoa amiga, aos textos inéditos, recentemente publicados, a título póstumo, do Professor Betâmio de Almeida.

Ribatejano de gema e muito orgulhoso das suas origens, o Professor Betâmio foi um daqueles professores, dos muitos que conheci durante a minha vida profissional no Ministério da Educação, que costumo designar por homens que se escrevem com H grande.

Artista, professor, pedagogo e investigador o Professor Betâmio de Almeida foi para mim sobretudo um humanista, cuja simplicidade no contacto com os seus semelhantes sensibilizou todos os que tiveram a oportunidade de com ele conviver.

Trabalhei com ele directamente apenas dois anos, num período ainda difícil da consolidação democrática, de 1977 a 1979, era ele então Presidente do Instituto de Tecnologia Educativa e eu Chefe da Secção de contabilidade do referido Instituto.

Durante o despacho que tinha semanalmente com ele, apercebi-me da grandeza do seu carácter da sua visão da vida e principalmente da previsão que fazia sobre a evolução futura da educação no nosso País.

Como democrata e como ribatejano gostava muito de falar sobre a sua terra e a sua gente. Foi ele que me explicou o significado para os ribatejanos da obra de Alves Redol,

“Barranco de cegos”.

Sobre a actual polémica da avaliação de professores, não posso deixar de recordar as palavras que ele, a propósito da sua nomeação para Director Geral do Ensino Secundário, escreveu ao seu amigo Raimundo de Matos, dois anos depois da morte deste;

” Antes de mais, meu caro Raimundo, já encontraste, por essas paragens de onde se não volta, o teu velho amigo Manuel Mendes?

Imagino-os a procurar livros sobre a revolução que se operou em Portugal. Mas o que me leva escrever-te é outro assunto; todavia, caso te lembres, diz ao Manuel Mendes que os seus saltimbancos da Caparica ainda não apareceram este ano. No ano passado ainda os vi, mais pobres, mais magros com reportório desgraçado e sem assistência. Uma dor de alma que nenhuma pincelada de artista já enaltece. Aqui vai a má nova. Parece que me querem nomear Director Geral. Tenho-me interrogado a ver se descubro por que motivo acedi a este convite, honroso por certo, mas capaz, neste momento, de atirar com um homem para as terras do demo.

Não fazes ideia como os professores estão divididos. Uns, os velhos, querem uma escola como tu ainda conheceste. Uma escola em que se ensinava e se aprendia. Outros, os novos, defendem a escola com um ensino feito pelos alunos, em que o professor é um projectista de situações objectivas.

Ás vezes, é tão mal encarada a raiva destes últimos, que quase dizem que os alunos ensinam e os professores aprendem. E é neste clima, que eu, caro Raimundo, sem poder ouvir os teus sábios conselhos, vou ocupar um alto cargo directivo.

Como podes calcular, sinto-me profundamente preocupado e triste. Vou deixar o nosso velho Liceu e os nossos caminhos.

Nós éramos republicanos e democratas e não o dizíamos sem algum receio. Agora nem imaginas, escreve-se tudo nas paredes. Sim, homem, nas pedras que levaram dias e dias a afeiçoar, pintalgam com uma tinta que não se tira, letras enormes de desenho estragado. Escrevem dísticos raivosos de uma agressividade gratuita. Querem salvar o Homem, o Povo, dizem. Mas o que me aflige é que se fala pouco em trabalho. Não trabalhar continua a ser a pedra nacional e nisto se identificam os nossos fascistas com os nossos revolucionários. Vão ambos em motoretas iguais, para os plenários, as RGA (tu não sabes o que é isto, mas fica a explicação para outro dia) para aprovar que não haja exames nem trabalho nas aulas.

Defendem passar um ano só porque se matricularam e dizem que é preciso lutar para o Povo. Tu sabes, tu que nasceste filho de cavador de enxada, como o Povo ganha com a ignorância dos que, mais dia, menos dia, se intitularão letrados ou técnicos.

Já vai longa esta carta. Prometo que no cargo de Director Geral tudo farei para não me envaidecer”.

Efectivamente, o Professor Betâmio de Almeida foi nomeado Director Geral do Ensino Secundário em 22-08-1974 e pediu a exoneração deste cargo em 17-01-1975, sendo considerado a maior autoridade na teoria e prática da Educação Estética e Visual para o Ensino Escolar em Portugal desde os anos 40 aos anos 80 do século passado.

É com saudade que recordo o seu talento e saber nestes tempos, novamente, conturbados para a Educação em Portugal.

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(João Aurélio Raposo)

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(Texto enviado ao Mensageiro de Alter e que não foi publicado, provavelmente pela alusão feita à divisão dos professores por um antigo Director Geral do Ensino Secundário)

domingo, junho 27

Novas Oportunidades

Legalização de Drogas Leves

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A legalização das drogas leves é uma medida que só terá uma real oposição nos sectores mais conservadores da sociedade, igreja e outros defensores da moral e bons costumes. A posição da igreja é entendível, eles têm outra “droga” para vender, a religião, o “ópio do povo”.

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Não se percebe que se possam consumir algumas drogas, enquadradas por normas fiscais, tabaco e álcool, e se deixem ao cuidado dos mercados paralelos outras, marijuana, haxixe, etc, que está provado são muito menos destrutivas que o álcool, por exemplo. Há quem defenda que é um escape para lavar dinheiro por parte de sectores das sociedades interessados na zona escura em que se movem os traficantes, que por sua vez financiam carreiras de políticos que os vão proteger, mantendo esse grosso nicho de mercado. Não tenho a mínima dúvida.

Se no mundo ocidental isso não é tão claro, é perfeitamente consensual que os cartéis da droga controlam governos no Oriente, (Paquistão, Afeganistão, nas ex-Repúblicas Soviéticas), África e América Latina, onde o caso mais gritante é a Colombia, durante décadas nas mãos do Cartel de Medelim.

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Eu defendo a legalização de todas as drogas, como forma de combater o mercado clandestino, a oferta a altos preços e a consequente criminalidade e prostituição a que toda essa lógica conduz. Acho que um adulto em plena posse das suas faculdades mentais, tem todo o direito de decidir comprar e consumir drogas. E deve ser o Estado a “enquadrar” o comércio, como faz com o tabaco ou o álcool, (não são nada desprezíveis os impostos que o estado arrecada).

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Se eu fosse consumidor de cocaína ou heroína, preferia, em vez de andar por becos esconsos a adquirir a preços exorbitantes mistelas completamente adulteradas, poder dirigir-me a um estabelecimento onde se vendem as outras drogas, a farmácia, e mediante a receita do meu médico assistente, comprar a minha dose diária, pura e a preço controlado. Havia sempre a possibilidade, visto tratar-se de um acto médico, tentar com tempo ir reduzindo com vista á cura da dependência.

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Só assim se podia combater o tráfico, que vive da procura de um produto ilícito, que é muito caro. Por ser muito caro tem uma margem de lucro que permite oferecer a jovens, fazer mais escravos do vício, que se prestam a tudo depois de “apanhados”.

Mas obviamente que só teria efeitos, se não a nível global, pelo menos implementada em espaços regionais alargados.

Dia a Dia

Porque sim...

Nasci numa tarde quente dos fins de junho. O meu irmão anunciou-me ao meu pai nestes termos: “Pai, já lá temos um ganhão”. A minha avó, parteira, esperou toda a tarde e toda a noite, que eu “atasse as botas”, mas pelos vistos não lhe fiz a vontade. Nos primeiros meses de vida, os médicos deram o veredicto, uma esperança de de vida de dezassete, dezoito. Tenho cinquenta e um e continuo por cá. Tal foi sempre a minha teimosia.



sábado, junho 26

Novas Oportunidades

Eutanásia

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Nos tempos que correm ainda é tabu. Ao ponto de se ouvir dizer, quando uma discussão se aprofunda demais: “Ainda vamos parar à eutanásia!”. Tenho também a ideia que é um assunto que assusta. A ideia de pôr um ponto final na vida é estranho, estava ligado só ao suicídio, o pecado que levava a um funeral quase clandestino. O inferno para quem partia e a vergonha para a família.

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Acompanhei o desenvolvimento do caso Englaro (a jovem italiana em coma por quem o pai lutou contra os tribunais para que lhe desligassem as máquinas). Afligiram-me muito as pressões da Igreja. O último “descaro” do Ministro da Saúde pressionando a clínica para não cumprir a ordem do tribunal. Mas fiquei com um profundo respeito pelo pai, que amava tanto a filha, ao ponto de preferir vê-la partir e acabar com todo aquele sofrimento. Não deve ser fácil um pai lutar tanto para conseguir que o filho morra.

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Mas o caso mais emblemático para mim é o do espanhol Ramón Sampedro. Aqui é eutanásia pura. Um homem que, em plena posse das suas capacidades mentais, decide que não quer viver assim, prefere acabar com alguma dignidade, não pode ser contrariado. É um caso de auto-determinação. Não percebo como alguns sectores de pensamento defendam com tanto afinco o direito à vida e se esqueçam do direito à morte.

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Não percebam que, tendo toda a legitimidade para fazê-lo, no aborto, o direito à vida não é um direito absoluto, interfere com outros direitos fundamentais. Ao passo que na eutanásia, não há outros direitos em causa.

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É uma decisão que deve ser acompanhada por especialistas, ter o seu tempo de maturação e, depois de se chegar à conclusão de que não há equívocos, ser executada a vontade do requerente.

Dia a Dia

Ontem tive visitas.
Quem nunca falta quando vem a Seda; o Joviano
A Presidente da Junta de Chancelaria
E o Vice-Presidente da Assembleia Municipal


Diário Lampião

Na próxima segunda-feira começa definitivamente o futebol a sério.
Abre a época do Glorioso.

Diário do Mundial

A selecção já fez muito mais do que eu esperava. Mas o Brasil/Portugal foi muito aborreciso.

E esta?

Que bem que o amigo Zé Bernardo se portou no Preço Certo

Vida Local

Durou até bem tarde a sessão da Assembleia Municipal, terminou perto da uma da manhã.
Deve ter sido aprovada uma boa ajuda para a ampliação do lar.

quinta-feira, junho 24

Novas Oportunidades

(continuação)

A Minha Infância (3)

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As primeiras duas ou três semanas de escola, (a escola onde estudei em Seda, fechou por falta de alunos há mais ou menos dez anos), foram muito aborrecidas. Passava os dias inteiros sentado na minha carteira sem ter nada que fazer, á espera da hora de sair e vir para casa brincar. Na altura não percebia, nem era lógico que percebesse. Mas a minha Senhora Professora, percebi mais tarde, decidiu que eu era atrazado e, pura e simplesmente pôs-me de parte. Considerou que não valia a pena perder tempo comigo.

Estava eu numa dessas tardes enfadonhas sentado na minha carteira sem nada que fazer, quando me lembrei de, para passar o tempo, fazer umas contas que a minha prima me tinha passado, (fez de minha mestra durante as tardes de verão, para me impedir de brincar á torrina do sol).

A Senhora Professora, passou ao meu lado na altura e percebeu que, enquanto ela ensinava os outros meninos a somar dois mais dois, eu entretia-me a fazer contas de multiplicar e dividir.

Começou nesse dia a minha instrução e a munha fuga á horda dos bons-selvagens a que a dita mestra já me tinha condenado.

Infelizmente não lhe recordo o nome, prara fazer uma homenagem á sua enorme prespicácia, mencionando-a.

O meu percurso escolar nos subsequentes anos não teve mais nenhum episódio de que me recorde. Foi o habitual, desses tempos, decorar os rios, as linhas férreas, as provincias, do Portugal do Minho a Timor.

Tudo decorria com toda a normalidade, escola, brincadeiras, no verão a escola do tio João Castanho, até que na 4ª classe, por volta de Março, fiquei doente. Fui internado de urgência para tirar o apêndice. Naqueles tempos era uma intervenção delicada. Quinze dias no hospital, vinha-se para casa enrolado numa imensa ligadura, com ordem expressa de não sair de casa.

Era a quase certa perda de um ano, mas a professora da altura, a Dona São, não deixou. Levava-me os trabalhos a casa de maneira que quando regressei á escola, estava a par dos meus colegas e preparado para o Exame da 4ª Classe, o fim da escolaridade obrigatória da época.

A Dona São, (Maria da Conceição Coelho Mendes), muito importante na minha educação e de várias fornadas de miúdos, é de Fronteira. Começou a carreira em Seda, acompanhou-me depois no 1º e 2º ano, (telescola), tendo sido a grande responsável pela abertura do posto. Na altura esteve tudo encaminhado para se abrir um Liceu Público em Seda, acção gorado pela intervenção do influente Pe José Agostinho, director e dono do Colégio Particular de Alter.

(continua)