domingo, julho 22

Poesia da boa


Brumas

Do alto avista-se o azul,
Ao longe vê-se o mar
Em brumas escondido
Pelo sonho de se avistar!

Sinfonias de um futuro
Longínquo, desconcertado e nubloso.
Um futuro que se bebe com avidez,
Um futuro que se esconde e que não vês!

A alma vai e vem, agitada, calma, incerta…
O tempo corre, pára e morre
E a vida prometida puxa, corre
No sonho incessante que desperta!

O corpo corrói-se, aguenta! Preciso!
A alma, não, a alma lamenta…
E nas brumas desse caminho
Palmilha escolhos para poder alcançar um sorriso!

(Eleonor de Vasconcellos)


quarta-feira, julho 11

POLÍTICAS


Ideias para Passos Coelho

Hoje trago uma pequena reflecção sobre a atualidade política, coisa a que há muito perdi o gosto.
O Parecer do Tribunal Constitucional sobre o roubo feito aos funcionários públicos e pensionistas é um tratado de hipocrisia. Descobriram uma Inconstitucionalidade de facto, mas sem repor a legalidade e ainda aproveitam para apontar caminhos; mostrar ao governo como deve fazer na próxima vez.
Não entendo para que servem estas instituições de “faz de conta”. Salvo raras exceções, são “paus mandados” de quem os nomeia, obedecem á “voz dos donos”. É urgente entregar estas decisões ao Supremo Tribunal, em princípio não dependente do Poder Político.
No seguimento, Passos Coelho desafia a oposição a mostrar onde ir sacar os 800 milhões. Eu, que sempre fui oposição a todos os governos portugueses, aponto-lhe um caminho.

1º - Cortar imediatamente todas as Subvenções Vitalícias a Políticos que tenham menos de 65 anos.
2º - Dar opção aos maiores de 65 anos a escolher entre a Subvenção Vitalícia ou outros rendimentos.
3º - Proibir a acumulação de proventos aos gestores públicos e a optar entre o sector público e o privado.
4º - Que a Segurança Social só pague uma reforma por pensionista.

E por favor, não me venham falar em Direitos Adquiridos.

domingo, julho 8

Pescador de Sorrisos


Sou pescador de sorrisos
Garimpeiro das palavras
Procuro nas ruas claras
Por peitos livres de mágoas

Não concebo a amargura
Dos descontentes c’o a vida
Que de lamentar-se por tudo
Fazem a forma de estar

Eu procuro nas tardes quentes
O calor que me sustenta
Que alimenta, aquece os ossos
E me faz seguir em frente

P’ra onde no Céu faz o ninho,
O Grande Pássaro da Esperança.


sexta-feira, julho 6

"NOVAS OPORTUNIDADES"


Casamento Homossexual

De amor não falo, nem dos impulsos que levam duas pessoas a apaixonar-se e a querer partilhar uma vida. O que está em causa são as leis que o regem.
O casamento é um contrato livremente celebrado entre duas pessoas adultas. A Constituição Portuguesa garante direitos iguais a todos, independentemente do sexo, raça, religião ou convicção política. A nova Lei só garante os mesmos direitos perante o Estado a todos os cidadãos.
Imaginemos um homem e uma mulher que, só por motivos fiscais, decidem casar-se. É possível, eu conheço pessoas que pelos mesmos motivos se divorciaram, continuando a co-habitar. Podem perfeitamente fazê-lo. Porque razão duas pessoas do mesmo sexo não poderão usufruir desse estatuto? Obviamente que a intimidade não é assunto onde o Estado se imiscua. Pertence à esfera privada.
Confesso que não gosto muito da expressão “casamento”, mas também não chegaria ao ponto de lhe chamar “reveniec” como os Gato Fedorento. Compreendo que chamando-lhe outra coisa como pretendia o PSD, era uma nova forma de discriminação. Se se quer direitos iguais tem que ser assim mesmo. Não começar logo a distinguir no nome, o que se quer igual.
Em entrevista ao Jornal i, Freitas do Amaral opina sobre o “casamento homossexual” e o parecer que lhe foi pedido por Cavaco Silva.
Tenho por máxima o respeito pela opinião de todos, por maioria de razão, a de uma personalidade tão insigne. Mas considero que todo o parecer se baseia em pressupostos errados. Tem por base as convicções do autor, não uma análise distanciada, como se deveria supor.
Freitas do Amaral refere que na Constituição é dito que "se dá a todos os cidadãos o direito de constituir família e de contrair casamento", mas também que "os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à manutenção e educação dos filhos".
Logo conclui "parece-me óbvio que o conceito de casamento que a Constituição tem aqui em vista não pode ser senão o heterossexual, porque se fosse também o homossexual os cônjuges não poderiam ter quaisquer deveres quanto aos filhos."
Na minha opinião o professor conclui mal. O que é inconstitucional é a norma que veda a adopção aos casais homossexuais. Porque a adopção não é um direito dos casais, mas das crianças. É o direito ao bem-estar da criança que está em condições de ser adoptada que deve ser privilegiado e deve ser avaliado no concreto e caso a caso. Não pode ser vertido numa norma constitucional que regula um universo abstracto.
Continua, A Declaração Universal dos direitos do Homem diz que o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família”.
O que para Freitas do Amaral, significa "que se tem em vista o casamento entre um homem e uma mulher".
Eu considero que, no espírito do redactor da Declaração, este “o homem e a mulher” tem o sentido e deve ser lido como a Humanidade. Se a ideia fosse de restrição, teria sido escrito “só um homem e uma mulher”. Acho que o professor, partindo da sua ideologia, tenta impor a sua interpretação.
O professor defende também o casamento heterossexual, "na medida em que só faz sentido considerar a família como um elemento natural e fundamental da sociedade porque se está a pensar na propagação da espécie".
Novamente o professor exagera nas conclusões. Alguém com sessenta anos encontra uma mulher da mesma idade e resolvem casar-se. É um homem e uma mulher e a procriação está posta de parte. Não faz sentido serem considerados família? Não estará Freitas do Amaral a ter uma visão muito restrita da sociedade?
A Lei aprovada e já promulgada tem uma norma inconstitucional. Um casal homossexual não pode ser impedido de se candidatar à adopção. Mas essa vai ser a próxima batalha.

terça-feira, julho 3

ORÁCULO



Manhã bem cedo, os deuses me falaram,
De dias tristes, nuvens negras e céu plúmbeo.
De um futuro complicado e doloroso.

Manhã bem cedo, percebi a longa estrada,
Curvas difíceis, caminho ingreme e dureza.
Noites escuras, solitárias e imensas.

Manhã bem cedo, decidi não me render.
Por mais que amargue o cálice que me coube,
Tomá-lo sem tremer até ao fundo.

- j a godinho 03/07/2012 -