terça-feira, junho 17

FIM



In ARRUMADOR DE PALAVRAS «O Livro»

Este “Arrumador de Palavras” termina de maneira óbvia. Com homenagem á minha musa inspiradora, a causadora de todos estes devaneios. Se quiserem culpar alguém, é ela.

Mára

Teu nome é de contraste e poesia
Amargo fel que corre em doce peito
Rio contido em largo e calmo leito
E um sorriso que sabe a sal e maresia

Trazes na voz uma bela melodia
Um som bem cristalino e a meu jeito
Onde sonho, me espraio e me deleito
E uns olhos que iluminam o meu dia

Foste ponto de equilíbrio e de razão
Chegaste á minha vida em hora dura
Trazias uma promessa de paixão

Num caos de fortes ventos e loucura
Senti na hora em que me deste a mão
Como uma lua cheia em rua escura.

quarta-feira, junho 11

EXCERTO – CAPÍTULO XXIV


ACASOS – Cronica de um amor perfeito

Acordou cedo e bem descansado, depois do duche, vestiu só as calças e andou por ali a tomar o café e a tentar não se esquecer de nada. Estava no quarto, quando lhe pareceu que a porta se abria, sorriu, “Visita madrugadora?”, ouviu uns passos inconfundíveis a chegar à porta do quarto.
- Vizinha do 5º esquerdo? Entra linda.
A porta semicerrada, abriu-se totalmente.
- Ouve lá palhaço, quem é a serigaita? E o que vinha fazer aqui?
- És tu loirinha? Que bom que vieste, entra e dá-me um beijo.
- Deixa de ser sonso, quero uma explicação, já.
- Ahahahah! Meu amor, pensa. O meu prédio só tem até ao 4º andar. Tontinha.
Ela riu da sua própria fúria.
- Tu tiras-me do sério, homem. Apetece-me bater-te.
Agarrou-a pela cintura e deitou-a na cama ainda desfeita. Depois deixou cair o seu corpo sobre o dela, quente e macio. Estava em tronco nu e as mãos de Sara, timidamente, começaram a percorrer-lhe as costas, primeiro delicadas e lentas, depois com a sofreguidão do desejo, cravava as unhas por todo o corpo. Beijou-a com carinho e à medida que ela respondia, os beijos prolongavam-se, mordidos, amassados e com a língua procurava a dela, cada vez mais avidamente. Desceu para o pescoço e abriu-lhe a blusa, com movimentos lentos e os olhos cravados nos dela, incendiados e muito mais brilhantes, de pupilas dilatadas.
O “soutien” abria ao meio e ele deixou-a de seios nus, admiravelmente belos, de um branco leitoso e mamilos bem definidos e rosados. Começou por colar o seu peito nela, enquanto lhe voltava a procurar a boca, louco, de seguida, quando passou a acariciar e beijar-lhe os mamilos, ela tremia. A língua à volta deles, numa dança mágica, arrancava gemidos de prazer e movimentos do tronco e da cabeça de Sara, o rosto afogueado dos dois, denunciava o estado de excitação. Estavam prestes a atingir o ponto de não retorno, quando ouviu uma voz dela, débil, com muito pouca convicção.
- Espera, João. Assim não, não temos tempo, nem é o lugar. Lembra o que combinámos.
Caiu em si. Um último beijo longo e intenso, rolou na cama e ficaram lado-a-lado, de respiração acelerada e de olhos fixos no teto. Enquanto ela apertava a blusa, ele começou a rir.
- Ufa! Estivemos muito perto. Quase o Lobo Mau e o Capuchinho Vermelho, perdoa linda, descontrolei-me.
- Não tens culpa, eu também estava aqui e fiquei louca de vontade. Temos que ir embora, mas antes vou só lavar-me, não posso ir trabalhar assim.
- Assim como?
- Ora! Parvo, não faças perguntas indiscretas.
Antes de ir, atirou-lhe uma almofada e ele ficou a rir do embaraço dela. Deixou-o na estação, pouco passava das oito e meia, ia chegar atrasada ao hospital e não gostava disso. Foi mesmo uma tonta, devia ter previsto aquela agarração. Se neste ensaio, falhado, foi assim, quando a ocasião chegasse ia morrer. Tinha que beber muitos líquidos, ou corria o risco de desidratar.

MUDAR DE VIDA



“Erros meus, má fortuna, amor ardente”

Sim! Tenho errado muito! Muito mesmo. A sorte também me tem sido madrasta, é tempo para arrepiar caminho. Está visto que não nasci para ter uma vida certinha, a respeitar todos os cânones. Preciso de arrepiar caminho, usar todas as minhas poucas armas e voltar à minha vidinha. Tentar, como sempre fiz, colher de todas flores, beber de todos os vinhos e refugiar-me nalguma insanidade, para tentar ser feliz.

terça-feira, junho 10

ENCONTROS



Chegou com o ar amigo e respeitoso de sempre, é um homem que inspira confiança, que se vê à distância que traz consigo uma imensa bagagem de saber empírico. Fala devagar, como um amigo e diz sempre alguma coisa inesperada, daquelas verdades muito óbvias, depois de ditas.
Desta vez trazia nos olhos uma luz nova, como quem olha as coisas pela primeira vez, e um sorriso travesso nos lábios. Não lhe perguntei o motivo, porque a nossa relação não é feita de perguntas. De moto próprio nos damos as respostas quando estão maduras, elas, as respostas e nós próprios.
Deixou-me este pequeno texto que eu identifico como prosa poética e a que atribuí o título.

“Sentires Rurais”

Sou um pastor sem rebanho
A que há muito perdi o rasto
Sem braços para o cajado
Só posso guardar os sonhos
Que há meses trazes grudados
Nas pontas dos teus cabelos

Despediu-se com o tão dele; Santas Tardes e o agora eterno sorriso enigmático…
E eu fiquei a pensar com os meus botões: - Aqui há gato…


domingo, junho 8

REGRESSO



Ontem!
Ontem, imperavam o frio e as trevas,
Num mundo sem cor nem música.
Todos os caminhos eram sem saída
E reinava um opressivo silêncio.

Depois!
Depois, abriram-se todas as janelas,
Jorrou o calor e luz de todas as cores,
Porque arco-íris, é o teu nome
E o céu, são os teus braços entreabertos.

Hoje!
Mais do que ontem.

- j a g – 07/06/14