terça-feira, abril 30

OUTRA POESIA



Alma Perdida

Por ti ando nesta terra perdida,
Sem ti nada tenho,
Sou alma amargurada e sentida
Quando de perto de ti venho…

O cansaço enfermo te abraçou,
A longa e dolorosa espera te levou,
Para longe dos meus maiores anseios,
Perdi-te nos momentos finais e derradeiros!

A culpa persegue meu ser,
A culpa envolve meu querer,
A culpa de não quebrar a corrente do medo
É a culpa do querer e já não te ter…

Queria contigo de novo caminhar,
Ser estrela, céu, azul, por fim…
Correr contigo no tempo e amar,
Fazer de ti parte de mim…

Uma prece final te rogo e canto:
Traz a mim teus doces beijos, abraços infinitos,
Envolve-me com teu olhar de doçura e pranto
E torna-te de novo a alma dos meus escritos!

Ana Maia - 26 de Abril 2013

NOTA: Mulher linda e alegre, alma torturada, cheia de contradições e inibições. O mal de te saber ler, é a vontade impossível de te dar esse carinho que precisas.

sábado, abril 27

NOVA IMAGEM



O “EU”

Há um tempo para tudo, até para sermos nós mesmos.
Pensava cada vez com mais convicção, libertar-me dos meus últimos pudores, dos meus medos.
Chegou a hora, sinto-me há muito preparado para ser quem sou. Mostrar o como sou também.
Não o encarem como um gesto gratuito, mas como um acto de libertação.

- j a godinho - 26/04/2013

sexta-feira, abril 26

SE TEM QUE SER....



Vou-vos falar sobre paradoxos, encruzilhadas, o que somos e o que queremos mostrar.
Quem escreve mostra-se em cada palavra, mas tem o sonho de ficar escondido. Como se entende este desejo de sombra de quem se quer mostrar, ser lido, dar-se à luz?

Não sei, mas …
Porque será? Como se explica esta dicotomia? Vaidade envergonhada? Falsa modéstia? Ou será o interesse? Sim! Porque alguém quando edita uma obra, por mais modesta que seja, tem o desejo de se fechar, penso eu. Nesse momento já de alguma maneira, mesmo que inconscientemente, partiu para outra. Fecha-se não por modéstia, mas por vaidade. O criador só tenta esconder-se para criar “suspense”, para abrir bocas de espanto, mesmo que sejam poucas, na próxima obra.

Não se trata de vendas no meu caso, nos outros não sei, mas de leitores, de ser conhecido e reconhecido, se possível.

Eu sou um modesto escrevinhador dos confins alentejanos. Se um incógnito “chaparro” com pouca cultura pode atingir este nível de hipocrisia e dissimulação, pode seguir estes caminhos tortuosos do pensamento, imaginem o que alguém realmente bom, pode fazer com este jogo de luz e sombra. É mesmo de luz e sombra que se trata.

Por que é muito bom ter aqueles quinze segundos de fama. Ouvir alguém dizer; “li, gostei muito”, “não te imaginava a escrever tão bem”, “recebi e li numa noite”. Ou alguém entendido dizer que, “a tua poesia tem que ser relida e trelida, para se apreciar plenamente”.

Imaginem o que é alguém que nunca pensou escrever um livro, escrever um segundo. Tê-lo na mão, este sim todo obra sua, e perceber o salto de qualidade em todos os aspetos. Entender que com recursos escassos conseguiu um resultado muito bom. E ter eco dessa qualidade todos os dias.

Alguém a quem nunca passou pela cabeça escrever para ser lido, editar dois livros em dois anos. E neste momento estar escondido, não por modéstia, claro, mas para criar suspense para o próximo que já anda na cabeça.

Eu devia estar a falar de mim. Não sei se o fiz ou mesmo se valeria a pena fazê-lo. Mas basicamente, sou “um vaidoso”, como diz o Dr. Júlio Couto. E não é isso que somos todos os que sonham viver entre luz e sombra?

Joaquim António Godinho (19/04/2013)

quinta-feira, abril 25

IMPROVISO



Se eu fosse poeta
Queria escrever hoje só palavras livres
Se eu fosse livre
Queria embarcar o meu sonho num veleiro
Se eu fosse marinheiro
Queria o meu navio rumo ao sul
Se eu fosse sul
Queria ser a estrela mor do teu cruzeiro
Se eu fosse a tua estrela
Queria ser isso mesmo, nada mais

- j a godinho -

A LIBERDADE PASSOU POR AQUI



Foi há 39 anos e eu vivi. Era como hoje uma quinta-feira, manhã cinzenta e chuvosa, do que paradoxalmente foi o dia mais brilhante da minha vida. “Luminoso e claro” como escreve Sophia.
Eu, menino de 14 anos, filho de trabalhadores rurais analfabetos, sabia só o que nos inculcavam no espirito, “a nossa política é o trabalho”. Mas rapidamente percebi, que nunca mais nada seria igual.
O meu país era cinzento, habitado por homens tristes e castrados, sem direito de sonhar.
Hoje sou um homem de meia-idade que todos os dias se escreve livremente, sem medo de ser e de dizer.
Que importância tem o meu tamanho físico ou intelectual?
Que importância teem as amarras que me prendem ao que sou?
O importante é o sonho que cada um de nós ousa ter e exprimir em liberdade.
Porque todo o homem é sempre do tamanho do seu sonho.

- j a godinho 25/04/13 -