sexta-feira, agosto 2

DEVANEIOS CAPILARES




Anonimammente sentada, pensava de cabeleira na mão, como faço para largar a mão deste cabelão?
Era difícil resistir à tentação de não ter a mão no pêlo da cabeça, era uma batalha desesperante, não sentir o tufo onduladamente, sedoso, cheiroso, a escorregar-me entre os dedos, a esticá-lo e, a vê-lo, encaracolar-se sozinho, uma mania que o raio deste cabelo tinha.
Era difícil e, ainda é! Uma guerra, sempre aberta entre a minha mão e o meu cabelão... Sem solução! Viverei eternamente anonimamente desesperada, se...

Cabeludinha

Feliz de mim que sou carca, as preocupaçõe capilares não me assistem. Poupo em champô, água e pente, além de um simples piolho se tornar na minha cabeça um sem abrigo.
Não gasto tempo frente ao espelho, nunca faço a pergunta:
-Espelho meu, há algum mocetão na União Europeia e arredores mais bonito do que eu?
E deixo de ouvir a resposta mais óbia,
-Não sejas parvo! Seu convencido do caraças, vai-te catar.
Obviamente que o, vai-te capatar, por parte do espelho mal educado de pai e mãe, não passa de uma figura de estilo, nada há a catar na minha venerável cabeça. É verdade que tenho caspa, reconheço. E não nego alguns episódicos focos de seborreia no tempo mais úmido, mas gado, não! Algum piolho que se aventura na minha árida meloa, é oriundo dos Países Baixos e rápidamente pará lá volta se entretanto não apanhar uma insolação que lhe provoque um traumatismo ucraniano e o faça perder a tramontana.

Carecão