sexta-feira, abril 27
quarta-feira, abril 25
38 Anos
Onde foi que te perdeste de nós
Que caminhos trilhaste nestes anos
Vejo-te e não te conheço
Mascarado de faz-de-conta
Já não és puro e cristalino
Tornaste-te num macaquear de ambições
Oferecidas por quem te tem como refém e te utiliza
Hoje és a sombra do que foste e eu não te reconheço
(escrito na hora)
domingo, abril 22
Por encomenda
Pediram-me que escrevesse sobre Alter e eu tentei...
Sentir Alter
Em Alter vejo-me ao espelho
Foi Chão que sempre pisei
Onde nasci, me criei…
E me estou fazendo velho
Em tudo a ti me assemelho
Foi cá que sempre estudei
E aprendi tudo o que sei
Sou produto do concelho
Quando a morte me levar
Minha vida chegue ao fim
Não tem nada que enganar
Eu que sempre aqui vivi
O meu corpo irei doar
Á terra de que eu nasci
sábado, abril 21
Crónica de Despertar
Não é fácil escrever por encomenda, podem crer, pelo menos para mim é muito difícil. Eu tento escrever o menos possível com a cabeça e recorrer mais aos sentimentos.
A escrita intelectual que se baseia em maneiras de pensar definidas, cada vez me aborrece mais, talvez por isso tenha deixado de me interessar a política, a racionalidade, (se a nossa o é).
Gosto de escrever sem destino, encadear umas palavras nas outras sem um propósito definido e esperar para ver.
Mas pediram-me para escrever sobre Alter e o concelho, falar dos monumentos, fazer poesia, (a que eu sou um pouco avesso).
Vivi quatro anos da minha vida em Alter. Foram bons, poderia dizer como o outro, fui feliz em Alter. Não estudei muito, por decisão minha talvez, sempre fui um aluno de suficiente. Lembro de no último dia de aulas ter despachado todos os livros do 5º ano pelas janelas da “carrinha”.
Conheci pessoas de quem ainda hoje guardo grata recordação; Dona Mabília, o Padre Zé Maria, seu Vitorino, gostava do professor Zé Manel Cary, um homem frontal.
E colegas, uns de quem nunca mais ouvi falar, outros que continuaram comigo, ou que reencontrei agora.
Há dias li por aqui a Lenda dos Doze Melhores de Alter, que não conhecia. Fiquei a pensar no nobre que matou homens honrados que defendiam as suas terras, só teve por castigo, que eu diria prémio, refugiar-se em Espanha. Pensei em Camões e no desconcerto do mundo, “Fui mau, mas fui castigado, assim que, só pera mim, anda o Mundo concertado”.
O Castelo de Alter é bonito, moderno, já na data da construção não se deviam sentir grandes necessidades de defesa do território. Só lá entrei uma vez, há muitos anos, talvez trinta e oito e nunca mais lá vou voltar. Estes monumentos que perduram no tempo não nos transmitem a ideia do efémero que tanto nos atrai. Está ali, um dia vamos lá, vai-se adiando.
Eu também não sou muito de me encantar com pedras, seduz-me, isso sim, imaginar as pessoas que passaram pelos lugares; como pensavam, a sua visão do mundo, ou como imaginavam o futuro.
E o Castelo de Alter, sem ter a figura do Sr. Bola-a-bola á porta, não deve ser a mesma coisa.
quinta-feira, abril 19
Crónica de Despertar
Acordo devagar como quem já tem o sono em dia. Abro os olhos e situo-me, identifico o meu espaço. Perscruto as frinchas dos cortinados, já não é noite; constato. O dia está nascendo.
A julgar pela luz, parece estar muito frio, nesta primavera gelada e seca; aconchego-me.
Regra geral sinto-me fresco. Como não sonho muito, a mente depois do sono está lúcida.
Quando me sinto mais desperto e não naquela modorra entre o sono e a vigília, agarro a madrugada e escrevo.
Escrevo de memória, não tenho outra maneira. As ideias chegam, eu moldo-as, arrumo as palavras como sei e memorizo.
Repito muitas vezes as frases, é um processo demorado, não me posso esquecer de uma única palavra.
Com a seguinte ideia faço o mesmo, o mesmo trabalho. Quando termina, volto a dizer tudo para mim, desde o princípio.
É assim que construo as minhas crónicas de despertar, que têm que ser necessariamente curtas.
De manhã, abro o computador e a torneira da minha memória jorra o texto acumulado. Faço algumas correções, burilo e se gosto guardo.
Nascem assim as minhas “Crónicas de Despertar”.
segunda-feira, abril 16
Busca
Trepei ao cimo de um monte
Alonguei um olhar ao fundo
Procurei por todo o mundo
Que tinha por horizonte
Na minha vida há uma fonte
De um amor lindo e rotundo
Teu olhar negro e profundo
Quem me dera eu encontre
Nesta ansia de te amar
De afastar todos os escolhos
Toda a lonjura do mar
Eu faço versos aos molhos
No meu afã de louvar
O negrume dos teus olhos
domingo, abril 15
Angustias
Não gosto deste cinzento que me oprime
Esta ausência de sol que me apavora
Quero os meus dias prenhes dos raios de luz
Que dão calor às pedras da calçada
Não gosto dos dias em que o céu se dilui em choros
De chuvas cansativas e inclementes
Dias escuros, de correrias pelas ruas
Que não nos deixam sentar á soleira da porta
Mas sobretudo detesto os dias tristes
Que são todos aqueles em que te não vejo
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