A cidade acorda, ainda estremunhada
Um denso nevoeiro vem de lá do rio
Mas já se nota um imenso corrupio
Que nem parece ser ainda madrugada
Tanta parede, corta a lonjura do olhar
Sente-se o homem solitário entre gente
Daquela solidão mais dura e eloquente
De passar ombro a ombro e nem falar
Por entre os prédios, há claustrofobia
Até as árvores parecem enclausuradas
As janelas estreitas, algumas gradeadas
Com certeza por aqui, eu nunca viveria
Prefiro os espaços abertos, desta planície
Ou mesmo as vagas alterosas, do alto mar
Espaços abertos, serras, ondas, vento e ar
Onde se pode olhar longe, com superfície