segunda-feira, dezembro 31

Crónicas do Planalto VII



Amigo Pedro

Li, reli, treli e não resisti a beliscar-me para acreditar no comunicado facebookiano do “amigo” Pedro de todos nós.
Ainda pensei dizer-te que nunca andámos juntos na escola, nem comi da tua gamela para me chamares amigo. Mas como sou pessoa educada, aceito este tratamento tão estranho de proximidade.
Sabes Pedro? Mesmo que algumas pessoas sejam indignas dos cargos que desempenham, por incompetência, como é o teu caso, os cargos em si, como o de Primeiro-Ministro, merecem ser dignificados por quem os ocupa.
Aquele comunicado/mensagem, mostra uma enorme pobreza de tudo. É lamechas, piegas, imbecil, demonstrativo do teu analfabetismo funcional e das pessoas que te rodeiam. Não tinhas nesse imenso séquito de assessores, secretárias, motoristas, guarda-costas, alguém capaz de se sentar e escrever algo minimamente coerente?
Às falhas linguísticas, eu atribuo-as ao possível “pretuguês” da Laura, mas a falta de consistência, Deus meu? Aquilo é muito mau para ser colado á figura do chefe de governo de um país do primeiro mundo. Se é que nós o somos…
É verdade que quando ouço falar o nosso chefe de estado me pergunto sempre se aquelas rascas rábulas de idiotice não querem dizer que este país não é mais que uma ópera bufa.
Mas tu, meu rapaz, que terminaste aos quarenta anos e sem fazer mais nada, um curso que muito estudante/trabalhador consegue muito mais cedo, devias ter alguns cuidados. Imagina se alguém se lembra de investigar e encontra outro “canudo” à Relvas?
Eu há muito tempo disse de ti e com razão, que tu tanto podias ser primeiro-ministro como namorado da Barbie, as qualidades exigidas são as mesmas. Tinha razão, não pelo estilo amaricado do Ken, mas pelas qualidades que ostentas. Já foste casado com uma barbie, a menina das Doce, não foste? Acho mesmo que esse é o único facto relevante que podes ostentar no Cartão-de-Visita; ex consorte da doce Doce.

A crónica já vai longa e eu, como pessoa mais velha e mais inteligente, deixo-te um conselho. Lembra-te que Portugal teve e tem gente de muita qualidade, não foi feito só pela camarilha da qual fazes parte, também houve e há, muito português digno.

(jag 12/12/28)

domingo, dezembro 30

Crónicas do Planalto V



Carta ao Pai Natal

Amigo Pai Natal, a coisa aqui em casa tá preta, ao ponto de eu não pôr o remetente na carta para não pagar os selos, entende-te com os CTT.
Nada me tira da cabeça que esta negritude começou quando a minha irmã iniciou o namoro com o Rui Branco, um crioulo do Bairro da Musgueira de um metro e noventa, e uma carapinha loura no alto da tóla.
Nunca confiei nele, um preto de carapinha loura é confiável? E ainda por cima se chama Branco, só pode ser para enganar o pagode. A minha irmã diz que eu sou um porco racista, mas eu não me importo. Quando desconfio que ele vem cá a casa, escondo sempre os meus melhores brinquedos, que o que esquece ao diabo, lembra sempre aos rapazes de cor da Musgueira. Ontem ouvi a minha mãe a dizer baixinho ao meu pai que a Gracinha, minha irmã, tinha três dias de atraso e o meu pai ficou furioso e disse, “esse pulha vai pagá-las”, só pode ter a ver com o Rui, alguma coisa que pediu á minha irmã e não lhe devolveu. A mim não me engana ele, não lhe empresto nem os brinquedos velhos, que ele, pelos meus livros do Tim-Tim nunca se interessou. É alésbico a livros, não é assim que se diz?
O meu pai está desempregado, passa os dias de pijama, jornal na mão e um humor de cão. Quando aparecem políticos na televisão, diz muitos nomes feios, pobres das senhoras mães do Cavaco e do Coelho. Já nem se preocupa de eu ouvir tanta ordinarice. Também detesta aquela senhora estrangeira muito feia, a Dra. Troika, até lhe chega a chamar prostituta, mas por claro.
Eu de política não percebo nada, só gosto daquele senhor que tirou o curso em quinze dias por dançar num rancho. Como já estou no segundo ano da escola e tenho que me despachar, inscrevi-me nas Danças de Salão aqui no bairro e estou a aprender. Sou já bom na Lambada, deve chegar para tirar um curso de educação física.
A minha mãe e os meus avós este ano perderam o subsídio de natal, não devo receber presentes. Se tiveres alguma coisinha de sobra, agradeço.
Mas arranja algum juízo aos nossos políticos, a ver se o meu pai fica um pouco mais bem-disposto.

(jag 12/12/24)


sábado, dezembro 29

30 – Monólogos «Luar dos Dias»



A minha maneira de me sentir a gosto na escrita, Setembro/2011.

Monólogos

Como dizia o velho Thomaz: “- Não venho a esta linda terra desde a última vez que cá estive”.
É verdade! Há muito, nem sei o quanto, não visitava o “Crónicas” nem o meu compadre Mello. Não temo que ele por isso me leve a mal, sabe que sou um pouco bicho do campo e quando apareço não sou de grande serventia. Obrigo-o quase sempre a gerir-me os silêncios, este meu jeito macambúzio é desesperante. E eu, esqueço-me de lhe pedir desculpas.
Somos um pouco diferentes, como as duas faces da mesma moeda. Mas talvez por isso mesmo nos entendamos tão bem, não precisamos de falar para estar de acordo, basta um olhar para atingir a sintonia.
Ele é um pouco desabrido, gosta de escrever palavras como quem atira pedras, eu sou calmo, prefiro calar a retorquir.
Mas como temos só uma e a mesma génese, passamos pelos mesmos desconfortos, por motivos semelhantes.
Ambos estamos a sair de uma fase menos boa. Pequenas desilusões do quotidiano. Achaques de quem acredita que as palavras são eternas, como os diamantes, e se espanta sempre por não ser assim.
Mas o pior já lá vai, vamos tentar valorizar o que é, sem pensar muito no que seria, se…, adiante.

Despeço-me por hoje, já escrevi demais do que é costume.
É hora de voltar á minha vida mansa. Santas tardes, compadre.

- j a godinho -

quinta-feira, dezembro 27

Crónicas do Planalto VI



Seda & Veludo

Faz hoje precisamente um ano que criei o Seda & Veludo (Artes Livres). Nasceu quase por acaso, de uma rutura.
A 24/Dezembro/2011, escrevi e editei um pequeno e anódimo texto sobre o natal.

FELIZ NATAL
Nunca gostei muito do Natal.
No princípio talvez por ressentimento.
Deste cedo percebi que festa de família não era para mim, eu seria sempre homem de andar sozinho, de pau e manta.
Depois agente habitua-se e inventa teorias para justificar as nossas birras; é a falsidade, o mercantilismo, desculpas para rodear o óbvio.
Mas o tempo passa e se não nos trás sabedoria, trará certamente alguma consciência de nós e a ausência do medo de chamar os bois pelos nomes.
Hoje sei, embora ainda desconfiado, que o Natal é bom para quem o vive com espírito de partilha, que é como deve ser.
Nesta quadra, devemos partilhar o que temos pouco, porque partilhar o muito, é fácil.
Eu venho pela primeira vez, dividir com todos os que gosto, algo que pouco tive e agora tenho na medida do possível:
Uma mesa farta de afectos

Por este texto, fui expulso do grupo nessa mesma noite de natal. Por, segundo a dona, “ter ofendido o meu melhor amigo, o Menino Jesus”, (acresce dizer que nessa mesma noite foram expulsos os cinco ou seis que melhor escreviam no grupo).
Dois dias depois, nasceu o Seda & Veludo. Já esteve praticamente morto, teve dias melhores, agora está um pouco á espera de melhores dias.

(jag 12/12/26)

terça-feira, dezembro 25

Crónicas do Planalto III

Burlas & Burlões


Já não há burlões como antigamente. É muito raro hoje ouvir-se falar de alguém que conseguiu vender a Ponte Sobre o Tejo, a Praça dos Restauradores, ou mesmo o Leão do Marquês. Os portugueses já não sonham alto, tornaram-se pequenos vigaristas que não conseguem pensar mais alto que chegar ás reformas dos velhotes. Os burlões mais mediáticos de hoje, são Vale e Azevedo e Miguel Relvas, cuja credibilidade, ou falta dela, não vale um trak. Um enganou uma troupe de benfiquistas estúpidos, como o António Sala, ou uns burgueses gananciosos, outro, uma alcateia de catedráticos caquéticos e desdentados.
O que é no ranking da burla, a venda do Ovchinicov, ou conseguir um curso superior por dançar num rancho? Não passam de vigaristas da treta, dignos de um sorriso de comiseração.
Tenho para mim que o maior vigarista nacional dos últimos anos, foi mesmo o Menino Guerreiro. Foi inovador, o que os de agora nem fazem ideia do que seja. Ele “falava” por sinais de fumo, chegou a primeiro-ministro, pasme-se, mesmo com facas espetadas nas costas e conseguiu uma burla digna de um dos maiores vigaristas, por várias vezes tentada sem êxito, vendeu a Feira Popular.
Destes burlões de hoje, vai ficar a nota de terem tentado vender a TAP no último dia do mundo.
Seria um golpe a ficar nos anais do novo mundo, se tudo tivesse corrido de feição.
Mas falharam rotundamente, nem o mundo acabou, nem concretizaram a burla.
Falhados!

(jag 12/12/22)