“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer porque eu sou do tamanho do que vejo, e não do tamanho da minha altura.
(Alberto Caeiro)
Começam hoje as festas. Está uma noite propícia, muito calor. Tenho muita pena que este ano não venha a menina da racha. O nível, dentro do estilo pimba, este ano baixa muito de qualidade. Se isso é possível.
Estou a considerar mandar vir da festa o jantar nestes dias. Tenho que me informar se ementa não tem muitos fritos.
Gostei. Gostei de ver ontem o debate do Estado da Nação. A nação que está em coma, rodeada de vampiros famintos. Eles discutem sobretudo quem vai tomar o poder, roer os restos.
O oferecimento de Paulo Portas é sitomático. As "luvas" devem estar a acabar, o negócio dos submarinos foi há muito tempo, é urgente que os centristas/populistas voltem a mecher nos tachos.
Por este andar, ainda vemos o Paulinho a rebolar-se no emiciclo e a berrar: -Eu quero ir pr'ó governo, eu quero ir pr'ó governo. Ao ponto de qualque deputado mais antigo, tipo Mota Amaral ou António Filipe, terem que levantar-se da cadeira, agarrá-lo por uma orelha, dar-lhe duas palmadas no rabo e obrigá-lo a sentar-se no seu lugar.
Todos pensaram que ele estava a ser maquiavélico, mas era só uma diabrura de miúdo mal educado.
Fascinados e felizes por estarem a representar o Benfica. Este é o estado de espírito dos três reforços mais sonantes das águias para esta temporada, Nicolas Gaitán, Franco Jara e Roberto Jiménez, depois da primeira semana de trabalho com os novos companheiros.
Os novos recrutas estão ainda a ambientar-se aos métodos de trabalho de Jorge Jesus e a conhecer os todos os cantos da nova casa, mas as primeiras impressões não podiam ser melhores. Os jogadores foram todos muito bem recebidos pelos novos companheiros de equipa, que estão a ser importantes na adaptação à nova realidade e isso transparece nas sessões de treino. Ainda na última quinta-feira Roberto contou com a preciosa ajuda de David Luiz, numa fase em que estava a ficar para trás num exercício de resistência física.
Outro aspeto que tem deixado os atletas impressionados é a grandeza do clube e o apoio constante que os adeptos transmitem à equipa, até nos treinos. Nas duas primeiras sessões da temporada realizadas à porta aberta, os benfiquistas encheram as bancadas do Seixal, dando sempre grande apoio aos recém-chegados e aplaudindo todas as ações na peladinha. Roberto, de 24 anos, é o reforço que mais se tem destacado nestes primeiros dias, devido às defesas que tem realizado. O jogador espanhol impressiona pela envergadura física (1,94 m), mas também pela agilidade entre os postes.
Os métodos de treino e personalidade do técnico Jorge Jesus têm também agradado aos jogadores. O técnico tem conversado bastante com os atletas, dando-lhes algumas indicações preciosas e injetando confiança, sempre importante numa fase tão prematura da época.
Porém, o guarda-redes espanhol e os dois argentinos também já puderam provar a exigência que JJ impõe no trabalho e a dureza de alguns treinos, necessários para uma boa preparação.
Confirmando-se a venda de João Moutinho para o FCP, confirma-se que o SCP é agora, oficialmente, um clube ao nível do Braga, do Setúbal, do Nacional ou do Portimonense: um clube de segunda linha que está unicamente preocupado em garantir o título de clube que melhor serve a casa-mãe. Só não é um crime de lesa-juba, pois este leão já nem juba tem.
Posso, agora, dizer que eu ainda sou do tempo em que o Sporting era um rival do Benfica.
(tertúlia benfiquista)
Cumpriu-se o que estava previsto. O director desportivo infiltrado, ás ordens de Pinto da Costa, fez o que já se esperava. Levou as mais-valias de Alvalade, em troca livra o FCP de algum lixo tóxico.
Quem diria que o velho Sporting desceria tão baixo.
O meu exame teve algo de rocambolesco. De manhã fazia-se a prova escrita e de tarde a oral, a ida ao quadro, aos mapas, etc. Como a examinadora não me quis incomodar fazendo-me levantar da carteira, propôs-me escrever os problemas no quadro e eu ir-lhe ditando a resolução. Era uma coisa banal para um aluno da Dona São e para um miúdo de onze anos, mas os alterenses exagerados logo decretaram ter sido o melhor exame dos últimos anos.
Para mim foi um dia especial, porque quando acabou o exame, o meu pai estava á minha espera com o meu primeiro relógio de pulso.
Fiz a telescola também em Seda, com a mesma professora. Era uma turma pequena, (12 alunos), muito homogénea, e talvez muito devido á grande competência da Dona São, e porque não dizê-lo, á sua mão pesada e ligeira, fomos a melhor turma desse ano que fez exame na Escola Comercial e Industrial de Portalegre.
No ano seguinte fui para o colégio de alter. Foi complicado. Estava habituado ao aconchego de ter um professor, uma pequena turma, mas adaptei-me.
Nunca tive problemas de relacionamento, mas vi coisas terríveis, o que se chama hoje bulling.
Estava no 4º ano em Abril de 74.
Lembro-me perfeitamente do dia. Manhã fria e chuvosa, saímos como todos os dias às 6,30 da manhã. Era assim nesses tempos, os miúdos saíam de casa pela madrugada e voltavam noite cerrada. O convívio com os pais era muito restrito.
Depois da volta habitual; Chança, Cunheira, Monte da Pedra, Aldeia da Mata, Flôr da Rosa, Crato e Alter, onde chegávamos depois das 8:00 horas, parávamos frente ao portão do colégio particular. Rapazes para um lado, raparigas para outro.
Mas nesse dia havia algo diferente no ar. No átrio das salas de aula, as funcionárias; Menina Teresa e Menina Antónia, ouviam um pequeno rádio onde não cantava o Mourão, o Artur Garcia, a Tonicha. Tocava coisas diferentes. Havia uma música ritmada que falava de fraternidade, de igualdade, de povo.
Acho que nos mandaram para casa a meio da manhã. E eu, miúdo de 14 anos, nem fazia ideia o quanto o meu mundo tinha mudado naquela madrugada.
Foi uma época excitante, tanta coisa nova a aprender…
Depois de três dias de testes médicos, o Glorioso voltou hoje aos treinos de preparacão da nova época. Rúben Amorim, chegado de madrugada, cinco da manhã, da África do Sul, apresentou-se á tarde e já treinou no Caixa Futebol Campus.
É deste tipo de profissionais que o Benfica precisa.