quinta-feira, junho 24

Novas Oportunidades

(continuação)

A Minha Infância (3)

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As primeiras duas ou três semanas de escola, (a escola onde estudei em Seda, fechou por falta de alunos há mais ou menos dez anos), foram muito aborrecidas. Passava os dias inteiros sentado na minha carteira sem ter nada que fazer, á espera da hora de sair e vir para casa brincar. Na altura não percebia, nem era lógico que percebesse. Mas a minha Senhora Professora, percebi mais tarde, decidiu que eu era atrazado e, pura e simplesmente pôs-me de parte. Considerou que não valia a pena perder tempo comigo.

Estava eu numa dessas tardes enfadonhas sentado na minha carteira sem nada que fazer, quando me lembrei de, para passar o tempo, fazer umas contas que a minha prima me tinha passado, (fez de minha mestra durante as tardes de verão, para me impedir de brincar á torrina do sol).

A Senhora Professora, passou ao meu lado na altura e percebeu que, enquanto ela ensinava os outros meninos a somar dois mais dois, eu entretia-me a fazer contas de multiplicar e dividir.

Começou nesse dia a minha instrução e a munha fuga á horda dos bons-selvagens a que a dita mestra já me tinha condenado.

Infelizmente não lhe recordo o nome, prara fazer uma homenagem á sua enorme prespicácia, mencionando-a.

O meu percurso escolar nos subsequentes anos não teve mais nenhum episódio de que me recorde. Foi o habitual, desses tempos, decorar os rios, as linhas férreas, as provincias, do Portugal do Minho a Timor.

Tudo decorria com toda a normalidade, escola, brincadeiras, no verão a escola do tio João Castanho, até que na 4ª classe, por volta de Março, fiquei doente. Fui internado de urgência para tirar o apêndice. Naqueles tempos era uma intervenção delicada. Quinze dias no hospital, vinha-se para casa enrolado numa imensa ligadura, com ordem expressa de não sair de casa.

Era a quase certa perda de um ano, mas a professora da altura, a Dona São, não deixou. Levava-me os trabalhos a casa de maneira que quando regressei á escola, estava a par dos meus colegas e preparado para o Exame da 4ª Classe, o fim da escolaridade obrigatória da época.

A Dona São, (Maria da Conceição Coelho Mendes), muito importante na minha educação e de várias fornadas de miúdos, é de Fronteira. Começou a carreira em Seda, acompanhou-me depois no 1º e 2º ano, (telescola), tendo sido a grande responsável pela abertura do posto. Na altura esteve tudo encaminhado para se abrir um Liceu Público em Seda, acção gorado pela intervenção do influente Pe José Agostinho, director e dono do Colégio Particular de Alter.

(continua)

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