segunda-feira, maio 12

MEMÓRIAS III



Lembro-me do Verão Quente de 75, que começou a 11 de Março e terminou com o 25 de Novembro. Foi o período mais rico da nossa história para quem era jovem e tinha sede de aprender. Todas a ideias, todos os projetos de sociedade estavam sobre a mesa, tudo era possível de ser feito e discutido. O 11 de Março, dizem que foi ganho pelos comunistas e perdido pela ideologia de continuidade de Spínola e pela extrema-esquerda, estranhas alianças se faziam nesses tempos. No 25 de Novembro, perderam os comunistas e novamente a extrema-esquerda, (perderam sempre, por isso mesmo alguns aprenderam a virar a casaca, quando perceberam que nunca se sentariam à mesa) e segundo me parece, ganhámos “nós”, sim esta sociedade que somos.
Vi as coisas mais inusitadas nesse Verão Quente, mas foi ele o caldeirão onde se cozinhou o Portugal moderno. Foi nesses meses que os partidos políticos se estruturaram, que cada um fez todas as loucuras, para no fim se arrumarem na sua família política, ou no partido que mais hipótese tinha de lhe dar um “tacho”. Quem diria a Mao Tse Tung, que o seu mais bem-sucedido admirador, nasceu em Portugal e chegou a presidente da Comissão Europeia.
Houve coisas realmente surreais, durante o período em que todas as liberdades andavam à solta, vi portugueses que sempre viveram bem em ditadura, fugir para Espanha em busca de liberdade. Espanha sob a ditadura feroz de Franco.
Somos um país de gente com manias muito incompreensíveis.

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