sábado, maio 24

DIVAGANDO



Há palavras que de tanto usar se tornam banais. “Parabéns” é uma delas. Devia haver um outro grau de felicitar alguém por mais um aniversário; o normal, para as pessoas comuns e uma palavra nova, diferente, que até podia ser inventada na hora, para quem se gosta muito.
Por exemplo: Repzigue.
Então, todos os dias se inventavam palavras novas que só tinham valor para duas pessoas, para mais ninguém, mas para elas valeria tudo, porque eram únicas como as pessoas.  
E todas as pessoas tinham que usar uns caderninhos para ir apontando as palavras inventadas e a quem correspondiam, até que elas ganhassem rosto. E os que tivessem caderninhos com mais palavras novas eram os mais ricos, os mais valorizados, por terem mais amigos.
Talvez um dia as palavras banais caíssem em desuso e se pudessem dizer as coisas importantes com palavras únicas.
Até não ser assim eu vou cumprindo o rito anual para as pessoas de quem gosto, de uma outra maneira, como eu quero, divagando ou contando histórias. Tentando fazer-lhes saber que são diferentes e únicas para mim. E merecem ter uma palavra com o rosto delas, que só me façam lembrar delas.

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