segunda-feira, abril 11

Cumplicidades

Jorge Palma - Tudo por um beijo

Encontraram-se por acaso numa tarde, de um dia longínquo
Dobraram uma esquina virtual, olharam-se e deram as mãos
Ela serena, apesar dos medos de uma sociedade violenta
Ele cansado de um longuíssimo existir sem viver

Caminharam juntos por tardes e tardes de descobertas
Foram muitas trocas de saberes, de experiências díspares
Ela foi-se tornando cada dia mais confiante, perdendo o medo
Ele no enlevo de ter alguém a ouvi-lo, a beber-lhe as palavras

Um dia, não se sabe bem como e quando, tudo mudou
A amizade feita de confidências e desabafos, era outra coisa
Ele percebeu que não mais podia ser o “poeta de Pessoa”
Teve vergonha e fugiu dela e das histórias. Tentou esquecer

Passaram anos e uma volta da vida tratou de os reaproximar
Vinham agora os dois diferentes, como não podia deixar de ser
Ela a mesma serenidade muito mais culta, mais mulher
Ele mais cansado, mas sem o medo de se expor, de ser ele

Voltaram a dar-se as mãos e olham-se num silêncio cúmplice
Quem sabe um dia, a vida para eles não seja só um sonho

(Clara Joana de Castro)

3 comentários:

  1. "Fácil é dar um beijo.
    Difícil é entregar a alma.
    Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
    Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
    Fácil é sonhar todas as noites.
    Difícil é lutar por um sonho."

    Eterno (Carlos Drummond de Andrade)


    Pensem nisso !!!

    Beijocas...

    Luciana Ribeiro

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  2. Da maneira que ando chorona…é mesmo lindo, gostei muito, nada é impossível nesta vida que nem sempre é como sonhamos… mas tudo pode acontecer…

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  3. A vida nos prega muitas peças... e a maior delas é o amor. Mas quando digo amor, estou me referindo ao verdadeiro sentimento: puro, único e incondicional.
    Sentimento este, que vagamos por vidas e vidas à procura...e em cada estadia progredimos... Mas o que muitos não sabem, é que o amor acontece uma única vez...o que faz com que o busquemos incansavelmente...e quando ele acontece... se perpetua por todas as nossas existências...

    Lindo texto!

    Um grande beijo!

    Mára!

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