terça-feira, fevereiro 18

Joaquim António Godinho - Escritor

In ARRUMADOR DE PALAVRAS «O Livro»

Pode parecer estranho este texto, mas não é inventado. Estou plenamente convencido de se ter passado assim.

Sonhos

Sonhos, filhoses e azevias? Não! Não vou escrever sobre iguarias de Natal. Porque o Natal ainda vem longe e eu não sou propriamente um apreciador de doces fritos e indigestos.

Hoje quero contar-vos de outros sonhos, dos que fazem avançar o mundo, ou as nossas vidas pelo menos, o que vem a dar no mesmo.
Eu, desde muito cedo, tornei-me mestre em “sonhar acordado”, foi essa atividade que a certa altura tomou conta da minha vida. É bom sonhar acordado, nós temos o controlo absoluto sobre toda a matéria do sonho, podemos orientá-lo sempre e escolher o fim a nosso bel-prazer. Muito do pouco que fiz nestes últimos tempos, foi “sonhado” enquanto estava acordado, porque dos outros sonhos, vou vos contar.

Quando faço um esforço de memória e recuo um pouco no tempo, eu chego sempre á mesma conclusão; a ausência de sonhos noturnos. Estou plenamente convencido que durante quinze anos da minha vida, eu não sonhei.
A noite para mim, era um profundo deserto de emoções. Pensando bem, todos os dias eu morria quando adormecia e ressuscitava ao acordar. Se isto aconteceu mesmo durante o tempo de que me apercebo, eu, durante cinco anos da minha vida estive morto.
Estranho este morrer em vida, mas não consigo dar outro nome a um período da minha vida em que não me lembro de qualquer atividade cerebral.
Se bem me lembro, posso balizar no tempo entre 84 e 99. A partir daí já começo timidamente a sonhar.
Hoje sonho, acordado e a dormir, e “o mundo pula e avança”. O meu mundo e de algumas pessoas que me rodeiam, e sonham comigo.

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