quarta-feira, fevereiro 26

DIÁRIO D’UM SOBREVIVENTE



--- “ O ADVENTO “ ---

Era um catraio de oito anos, pró gordinho e muito ranhoso. Estava a postos, naquela tarde quente de um Junho de 59.
Quando ouviu o choro e teve luz verde da avó e parteira, correu uns duzentos metros para dar a boa-nova.
- Pai! Já lá temos um ganhão!
Ganhão era a 2ª fase do rapaz pobre naqueles tempos ancestrais. A nossa vida estava programada para ser moleque, (moço de recados das casas ricas), ganhão, (aprendiz de homem) e jornaleiro, com a certeza de ter que trabalhar todos os dias, para comer quando se podia.
Felizmente, alguns anos depois, abriu-se nova estrada de futuro e eu nunca fui moleque nem ganhão e consegui viver num tempo em que era possível comer todos os dias, graças ao esforço dos pais.
Fui para o que o poeta popular, ti Alexandre Malheiro, denominava de Alto Infante, (Passam os Altos Infantes, na carrinha dos estudantes), fui estudar.
Não consegui concretizar a previsão do meu irmão, naquele dia distante.

- j a g -

1 comentário:

  1. Gosto, gosto muito de escritos como este, que são memórias de tempos difíceis, mas ao mesmo tempo de coisas boas, porque as vivemos e eramos jovens, porque a juventude é sempre linda, apesar das dificuldades, porque a gente tem, principalmente nessa altura, garra para a vida.
    Bjs.
    Maria Mamede

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