domingo, fevereiro 10

NUNCA TE DEIXAREI - Maria Helena Ribeiro

Capitulo III

Chegou o sábado e Marina gostou de se arranjar, perfumar. Ia pensando, “há quanto tempo não tenho este entusiasmo? Vai devagar Marina, não esperes demais, na volta é só mesmo amizade”.
Tocaram à porta, era o António:
- Posso subir?
- Eu já desço.
- Mas não posso subir?
- Sim.
António apareceu à porta com duas rosas vermelhas na mão e disse:
- São para ti.
Marina ruborizou e agradeceu. Colocou as rosas numa jarra ali na entrada, pegou no casaco e na carteira e saiu. Só depois reparou que não tinha convidado o António a entrar e pensou, “Ora deixa p’ra lá, este nervoso miudinho ainda vai dar cabo de mim”.
Caminharam os dois até à entrada do cinema como bons amigos. Terminada a sessão e à saída, António perguntou:
- Marina, queres ir tomar alguma coisa?
Marina encolheu os ombros e acedeu. Dirigiram-se ao café mais próximo e no decorrer do lanche conversaram imenso de tudo um pouco, mas desta vez a conversa tocou em assuntos mais íntimos. Trocaram números de telefone e no fim, António levou-a a casa;
- Amanhã podíamos ir passear. Se quiseres.
- Desculpa mas tenho que preparar as aulas da semana, fica para outra vez, pode ser?
- Pois, - disse António com uma certa tristeza na voz - Posso telefonar mais logo?
 - Podes...
A conversa ao telefone foi ainda mais intima mais reconfortante. O coração de Marina batia descompassado, mas a mente dizia, “Tem cuidado já te queimaste algumas vezes, dá tempo ao tempo”.
A semana passou depressa, as aulas, o café da manhã, o telefonema à noite e chegou sexta – feira.
- Marina que vais fazer sábado e domingo?
- Em princípio nada, porquê?
- Podíamos ir à Serra, é um passeio tão bonito agora no Outono.
- António dois dias? Não deves estar bom da cabeça.
 - Marina está no tempo certo de nos conhecermos de outra maneira. Já não somos adolescentes, somos adultos e parece que nos damos bem. Anda, é só o fim–de– semana.
Marina pensou depressa. “Sim? Ou não?” O coração dizia que sim, o seu corpo queria. Cedeu.
– Sim. - Dito como uma promessa.

(continua)

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