sexta-feira, fevereiro 1

Conto – Três Flores, Uma aventura (Parte II)



E, no instante em que o Amor-Perfeito acabou de falar, um jovem rapaz que por ali passava com a sua namorada, baixou-se,  colheu o amor-perfeito e ofereceu-o à  namorada.
-Que lindo!- disse a menina – E olha aquela rosa, tão bonita, tão viçosa, radiante como o sol! Vou levá-la também, ficará linda na minha jarra!
- E este lírio? Não vamos deixá-lo aqui sozinho, sozinho fica triste. Tu ficas com a rosa e o amor-perfeito, eu fico com o lírio...
- Não, não vamos separá-los, ficam juntinhos, arranjarei maneira de não os separar. Agora vamos..., aonde vamos?
- E se fôssemos até à praia, andar um bocadinho na areia, ouvir o mar, que te parece, António?
- Acho uma boa ideia! Vamos então até à beira-mar!- responde António.
(Eu penso que  a Marlene – assim se chamava a namorada do jovem António - entende a linguagem das flores, ela deve ter ouvido a sugestão do amor-perfeito, não acham?)
E lá foram abraçadinhos (não se sabe se por causa do frio, se magnetizados pelo amor) até à praia. Aí chegados tiraram botas e meias, arregaçaram as calças e preparavam-se para uma corrida na areia.
- Não podemos correr com as flores, temos que as proteger da deslocação do ar enquanto corrermos. Vou deixá-las aqui junto do nosso calçado – sugeriu  Marlene.
E, enquanto António olhava e pensava para que lado correriam, se para norte, se para sul, Marlene desenhou um grande coração na areia e deixou dentro dele as três flores. Esta seria a maneira mais original e mais pura de lhes dizer o quanto delas gostava. Mas não foi só isso, ela sentiu-se Rosa Amarela, e achou que o António podia ser o Amor-Perfeito. Ainda pensava, embebecida, na ternura de ser Rosa e do seu António ser Amor-Perfeito quando ouviu o lírio que, numa vozinha quase sumida perguntou: «E eu? Também quero ser alguém, mais do que uma simples flor..., ou será que não mereço?»
Então Marlene abriu ainda mais o coração e segredou:« Não fiques triste, meu Lírio Roxo, tu ficas mesmo bem como “sendo a minha irmã Maria”. Olha, até lhe vou telefonar e convidá-la a vir ter connosco e, se não te importares, ofereço-te a ela, pois sei que, no mundo das flores, és a sua favorita.
(continua)
- Maria La-Salete Sá –

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