segunda-feira, novembro 15

Conto de Natal (triste)


Hoje vou contar uma pequena História de Natal. Como todas as minhas histórias de agora, é curta, dura, de palavras incisivas, ditadas pelos dias que vão passando. Dias amargos, de desilusão, sem grandes expectativas de melhoras.
Eu nunca gostei muito do Natal, sempre achei que era uma festa muito fabricada, de hipocrisia. De há uns anos para cá piorou, ou fui eu que o passei a ver pior, não sei.
Nestes últimos anos, a minha noite de Natal passou a ter um patrocínio, o Casal João & Gracinda. Ela de quando em vez continua a visitar-me e traz a solidariedade dele. Ele, desde a história que conto, nunca mais teve a coragem de o fazer. Devo ter-lhe passado uma imagem muito triste.

Pois este casal, habituou-se e habituou-me a um pão-de-ló e uma pequena garrafa de espumante nas vésperas de Natal. E eu, habituei-me a bebê-lo pelas vinte e duas horas da noite de consoada. Tornou-se uma pequena tradição, um ritual, jeitos que se ganham. E também uma espécie de homenagem aos ofertantes.

O ano passado, ainda era da direcção, apareceu no período habitual com um after shave e um ar muito triste.

- Desculpa, - disse – mas avisaram-me que não podia trazer-te nada de comer nem de beber.

Eu fiquei de rastos. Não me passava pela cabeça que alguém fosse tão torpe, tão desprezível, ao ponto de andar armado em perdigueiro a farejar a vida alheia, para depois pressionar.
Esse “senhor”, certamente passou a Consoada em família, de mesa farta, não sem antes maldosamente providenciar para que o meu Natal fosse ainda um pouco mais triste.

Não entendo o prazer que dá fazer o mal…

12 comentários:

  1. Já nada me surpreende das histórias, por ti contadas e cruelmente vividas.

    Pensava eu, tudo o que viesse seriam meras banalidades,coisas do teu dia a dia que como sabemos nunca serão como os nossos.
    Felizes ou não, ao pé de ti, tanto temos e por vezes não valorizamos.

    Perante essas histórias arrepiantes,apenas além da minha emoção e indignação, deixo apenas este desabafo.

    SERÁ QUE ESSAS CRIATURAS, NÃO TEM FILHOS? OU OUTROS FAMILIARES QUE UM DIA POSSAM ESTAR NO ESTADO EM QUE TE ENCONTRAS...?

    NÃO PENSAM , NÃO SENTEM?

    SERÁ QUE FREQUENTAM A IGREJA E TEM O DESCARAMENTO DE ATÉ COMUNGAREM? NA NOITE DA FAMÍLIA?

    PORQUE OS INCOMODA TANTO O QUE SABES?

    ARREPIANTE!

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  2. Ahahah
    Essa de frequentarem a igreja tem muita piada.
    Tocaste num ponto muito sensível. Mas como tenho muito respeito pelas opções religiosas de cada um, conto-te em privado.

    Ele há hipocrisias, que até Deus duvidava, se existisse.

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  3. SEIA TÃO BOM...

    Muitas vezes não poderás
    aliviar totalmente a desgraça
    dos mais pobres,
    mas, estando com eles,
    o pouco que fizeres
    marcará a diferença.

    IRMÃO GEOFF.

    IRMÃOS MISSIONÁRIOS DA CARIDADE

    DÁ QUE PENSAR...

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  4. Mas "quem" é que avisou? Queremos nomes....

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  5. Eu dou sempre nomes. Nunca tive medo, como sabem.
    Pergunta a amigo João Arcângelo, ele é que "foi avisado".

    Mas há muito mais que ir contando.

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  6. E essa canalha de Seda, votou nesse...
    Não encontro um nome que não me ofenda a mim.

    Desculpa-os, amigo.

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  7. Mas o amigo João Arcângelo e tu sabes....Ou será que na terra da "liberdade" ainda há medo? Eu sei que tu nunca foste medroso.

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  8. O homem disse-me "avisaram-me", não referiu nomes, eu tenho a minha ideia, mas não posso afirmar.
    Este blog nunca publicou uma mentira deliberadamente.

    Mas falemos de medo. Eu estou aqui, nunca tive medo.
    E tu? Porque comentas anónimo na terra da "liberdade"?

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  9. .....Havia muitas maneiras de quebrar um coração.
    As histórias estavam cheias de corações despedaçados de amor, mas o que realmente despeça o coração é roubarem-lhe os sonhos-sejam eles quais forem.

    Pearl Buck

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  10. Mais uma história para me partir o coração. mas não vou comentar mais nada pelas razões que já repisei. E tu o afloraste. Mas "deixas" acontecer!................

    "Mas falemos de medo. Eu estou aqui, nunca tive medo.
    E tu? Porque comentas anónimo na terra da "liberdade"? "

    Vamos tentar que este natal, estejas acompanhado por parte dos teus amigos, no coração, e aqui online, se possivel com imagem e voz.
    Abraço

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  11. Ora vamos lá falar da "zombilândia" de Seda, mais concretamente do Lar.

    Concerteza, já visitaram um lar não privado. Eu já visitei o Lar de Seda, algumas vezes.

    E o que viram? Os nossos idosos, quase todos demasiado anafados, à custa de tanta massa, arroz, fritos e etc., uns a dormitarem, outros apáticos, sem qualquer vontade de fazerem alguma coisa, quais "zombies" a vaguearem à procura do wc, alguns até só lá chegam de cadeira de rodas, aguardando, simplesmente, a hora da próxima refeição.

    É isto mesmo que as Direcções dos Lares desejam, tamanha apatia, que o que vier está tudo bem.

    Infelizmente, é este o retrato da maioria dos Lares, mas sempre acompanhado da respectiva devoção, imagens de Santos não faltam nos Lares, só que já não estamos no século XIX ou XX, estamos no século XXI, com as mentalidades abertas.

    O teu problema é que tu não és um "zombie", pelo contrário, és bastante activo, tanto nos conhecimentos, como na verdade, e isso incomoda muito a Direcção.

    Aguardo, sinceramente, melhores dias para ti.

    Um abraço

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  12. Isso. E são dirigidos por "zombies" que estão intelectualmente mortos há décadas. E ainda não receberam o atestado de óbito.

    Espero que não seja ameaçado de excomunhão, perdão expulsão, por isto.

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