segunda-feira, setembro 19

Tempo de Rupturas

Da janela do meu quarto, olho para dentro de mim e vejo uma árvore.
Não será de grande porte e frondosa como outras que enxergo ao longe na floresta. É uma outra mais débil, que brotou em solo madrasto, onde tenta a duras penas fincar raízes. Não é fácil a uma árvore, porque todas em princípio são iguais, ter pouco chão para crescer e tentar roubar um pouco de sol. A minha tem tentado, pelo menos viver por imitação, como se fora como as outras.
Em tempos idos, deu de crescer desmesuradamente um ramo á pequena arvore. Ao ponto de, em vez de se sentir parte dela, passar a julgá-la sua. Era uma postura engraçada, até começar a ficar exagero.
Há meses o ramo adoeceu. Mandavam todas as regras do bom senso, que fosse podado, abrindo espaço para que outro crescesse no seu lugar.
Mas não, nada de rupturas. É melhor esperar que a doença passe, reabilitar o ramo. Não passou, agravou muito os sintomas, ao ponto de estar a fazer muito mal a toda a árvore.
O que não houve coragem para fazer na hora, tem que ser feito agora, protelar não resolve nada, só traz mágoas.
Esperemos que outro ramo cresça no lugar, ou que os outros preencham a falta.

7 comentários:

  1. Ficamos a pensar...
    Não crescerá outro ramo no lugar...
    Mas sempre existe ramos a crescer...
    Ramos que além de preencher a falta...
    Apagam as mágoas... um dia sentidas...
    Com alegrias...sentimentos...
    Tão fortes...que surpreende...
    De tal forma...que chegamos a pensar...
    " Será verdade...ou estou a sonhar ??? "
    Digo-te é verdade...não estás a sonhar...

    Pois vida é assim...
    Mas só... para quem... acredita no amor...

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  2. E você acha que eu não acredito no amor?

    Muitos outros ramos vão crescer, e muito maais viçosos.

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  3. Acredito...que sim...
    Vejo, sempre ramos viçosos a crescer para ti.. Sinto...que muitos sentem inveja de ti.
    Percebo isso... ás vezes...pelos comentários maldosos realizados aqui, no blog...
    KKK !!!

    Muitos queriam ter, seus talentos...

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  4. São muitos e invulgarmente excelentes os talentos do Joaquim, querida Lù (querida, pois quem nossos amigos beija, nossa boca adoça).
    Mas hoje, amigo, não me detive na forma nem na beleza das palavras, a minha preocupação por ti assim o ditou ...

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  5. Não deixes de reparar nas qualidades do texto, tu sabes apreciar.
    Pelo resto, descansa. Muitos anos de "tarimba", ensinam a tirar de letra pequenos desenganos.
    È com rupturas que mais se cresce, e eu quero deixar de ser pequenino depressa.

    Beijo e um abraço ao carcamano

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  6. Eu sei apreciar, analisar; fui "treinada" para isso, ainda que não tenha sido essa a minha profissão.
    Mas tu não paras de me espantar. A tua apreciação ao poema do Ricardo...perfeita!

    Quanto ao carcamano, o meu "mafioso" desconhecia o termo.
    Fui procurar o significado. "Calcare la mano", ou carregar com o dedo na balança. Faz sentido.
    Sem sentido era para mim a frase muito utilizada pelos italianos "fare il portoghese" para aqueles que tentam usufruir de algo sem pagar (nos transportes públicos, por exemplo). Ninguém me soube explicar o fundamento de tal expressão, a que não achava graça nenhuma, mas hoje, graças a ti e ao carcamano, descobri:

    No século XVII, em Roma, o embaixador português no estado pontifício convidou os portugueses presentes em Roma a assistirem a um espectáculo grátis no Teatro Argentina. Para tal evento não havia bilhetes ou convites, bastaria então que um convidado declarasse a nacionalidade portuguesa que a entrada era livre.

    Muitos romanos, para poderem assistir gratuitamente a tal espectáculo, apresentaram-se à entrada do teatro dizendo que eram portugueses.

    Afinal foram os nossos amigos italianos os primeiros a “fazerem de portugueses”…
    Para nós a entrada já era grátis de qualquer maneira…

    Agora serão eles a "levar comigo"..e o carcamano foi o primeiro..

    Obrigadinha, Joaquim

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  7. Minha Querida
    A minha análize ao poema do Ricardo, foi fácil, eu já senti o mesmo em coisas minhas.
    Começa-se a todo o gás, depois não temos pedalada para manter o ritmo.
    Eu conseguia dar a volta áquele poema, bastava alongar os versos finais e acrescentar o calor que lhe falta.
    Conhecia a história dos "il portugueses".
    E "carcamano" é de origem brasileira e era dado aos primeiros imigrantes italianos, ou por fazerem a pasta com a mão ou pela polenta. E dizem que eles eram tão pobres que comiam com a mão.
    O "em crise de palavras" foi editado em 3/07/2011. Sábado a seguir ao meu aniversário, fizeram-me uma festa surpresa e quando acabou escrevi aquele texto em 10 minutos.

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