sábado, setembro 10

Monólogos

Como dizia o velho Thomaz: “- Não venho a esta linda terra desde a última vez que cá estive”.
É verdade! Há muito, nem sei o quanto, não visitava o “Crónicas” nem o meu compadre Mello. Não temo que ele por isso me leve a mal, sabe que sou um pouco bicho do campo e quando apareço não sou de grande serventia. Obrigo-o quase sempre a gerir-me os silêncios, este meu jeito macambúzio é desesperante. E eu, esqueço-me de lhe pedir desculpas.
Somo um pouco diferentes, como as duas faces da mesma moeda. Mas talvez por isso mesmo nos entendamos tão bem, não precisamos de falar para estar de acordo, basta um olhar para atingir a sintonia.
Ele é um pouco desabrido, gosta de escrever palavras como quem atira pedras, eu sou calmo, prefiro calar a retorquir.
Mas como temos só uma e a mesma génese, passamos pelos mesmos desconfortos, por motivos semelhantes.
Ambos estamos a sair de uma fase menos boa. Pequenas desilusões do quotidiano. Achaques de quem acredita que as palavras são eternas, como os diamantes, e se espanta sempre por não ser assim.
Mas o pior já lá vai, vamos tentar valorizar o que é, sem pensar muito no que seria, se…, adiante.

Despeço-me por hoje, já escrevi demais do que é costume.
É hora de voltar á minha vida mansa. Santas tardes, compadre.

“Joaquim Carrapato”

1 comentário:

  1. Que boa visita, J Carrapato, podia vir mais vezes. Gostei tanto que me senti a seu lado conversando.

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