Gosto de escrita satírica. Um bom texto humorístico que combine o bem escrever com um humor inteligente tem um encanto inigualável para mim. Mais que isso só fazendo-o em verso e com sentido. Hoje apeteceu-me escrever alguns versos burlescos, como dizia António Aleixo; “dizer verdades a rir, aos que me mentem a sério”. Socorri-me dos conhecimentos adquiridos e fiz em jeito de oitavas camonianas. As palavras são copiadas do que tenho lido e algumas da minha lavra. Não passa de nada mais que uma brincadeira, mas com muito conteúdo.
A Superficial
Corpo pequeno e pose de doutora
As mamas grandes, como duas rolas
Cansa-me tanto, tanto, esta senhora
Sempre prenha de certezas tolas
Não fora ser mulher tão sedutora
E eu há muito tinha “dado ás solas”
Por tudo que passei, nem sei se diga
Mas ganhei de certeza o Céu em vida
Da boca desta dona tenho ouvido
Nomes feios, de ninguém ousar chamar
Lambe-cús, vira-casacas ou vendido
Coisas, que eu sempre fiz por desculpar
Tenho-a deixado dizer o que tem querido
Chegamos agora em tempo de acabar
Estou cansado de sofrer tanto azedume
Por ser má, falta de homem, ou por ciúme
(Joaquim Carrapato)
É boa miúda, por incrível que pareça.'
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