domingo, agosto 22

Uma Fábula, ou talvez não.

A Vingança do Rei

Era uma vez, nos confins das terras transtaganas, um pequeno reino governado por um Monarca há muitos, muitos anos.

Nesse pequeno reino longínquo, sempre que sua alteza fazia anos, havia foquetes, música na rua e um grande banquete nos jardins do palácio, para todos os súbditos. Era uma festa bonita, perfeita, para quase todos. O Rei, num gesto próprio da sua nobre condição, no fim da festa mandava distribuir os restos pelos anciãos que não podiam deslocar-se ao palácio.

O Bobo não achava que fosse um gesto tão magnânimo. E um dia, sem temer perder a cabeça, permitiu-se interpelar o seu senhor, nestes termos:

- Senhor! Não acho ser digno da sua pessoa o gesto de presentear os anciãos com os restos, ainda que bem cuidados, do banquete do palácio. Depois duma vida inteira de trabalho, é justo que no fim da vida tenham direito aos alimentos quentes e servidos na hora.

O Rei ouviu, ficou algum tempo em silêncio e respondeu:

- Não tenhais cuidado Bobo, que tal não voltará a acontecer.

Como em tempos tinha sido conselheiro real, numa época em que o Rei nem sabia sentar-se no trono, o Bobo, pelo conhecimento que tinha do Monarca, pensou que ele ia ter a sua reacção típica; começar por dizer não, de seguida achar a ideia aceitável e por fim, divulgá-la como sendo sua e receber os louros.

Passou tempo, durante o qual Rei e Bobo nunca mais se encontraram, nem o último mais recordou a régia resposta.

E fez-se tempo de nova festa.

Nesse ano, o primeiro de sempre, os anciãos tinham sido esquecidos, não foram contemplados no banquete. O Rei tinha-se tornado vingativo. Não hesitou, para vingar-se no Bobo atrevido, prejudicar os inocentes anciãos.


Moral da História

Muito tempo no trono torna os reis intolerantes com os críticos, fá-los empanturrar-se de vaidade e imaginarem-se donos do reino.

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