quinta-feira, agosto 5

Associativismo (excerto)

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Acho que o Alentejo nunca foi muito dado ao associativismo, excepto durante a Reforma Agrária. Talvez devido ao regime de propriedade, latifúndio, nunca houve uma necessidade de associação, como com a pequena propriedade do norte e centro, onde os agricultores se organizam para fazer os trabalhos á vez, ou os ainda hoje conhecidos em Trás-os-Montes forno comunitário ou o boi do povo. Tenho notícias de em tempos ter havido aqui uns resquícios de associativismo. Até aos anos trinta de século passado, Seda tinha baldios. Então havia um rebanho comunitário, a Adua, cujo pastor era pago por todos os proprietários de animais. Com o incremento do Estado Novo, os latifundiários directamente ou por intermédio dos seus lacaios, ocuparam os cargos públicos, Junta, Regedoria e Casa do Povo, e apropriaram-se dos terrenos. Nos anos cinquenta já não havia notícia de baldios e comunitarismo. O trabalho assalariado nunca motivou as pessoas a unirem-se. E quando isso aconteceu, na luta pelas oito horas de trabalho, foi fortemente reprimido. É mais fácil controlar divíduos, que movimentos organizados, a união faz a força. Por isso, no Alentejo, o individualismo sempre foi encorajado.

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