terça-feira, agosto 3

Novas Oportunidades

Associativismo

.

O nível de desenvolvimento duma sociedade pode ser avaliado pelo grau do seu Movimento Associativo. Este reflecte um comportamento social dominante nas sociedades mais democráticas. E é visto como uma forma de juntar interesses comuns, defendendo pontos de vista de forma global. O Associativismo é a expressão organizada da sociedade, apelando à responsabilização e intervenção dos cidadãos em várias esferas da vida social e constituiu um importante meio de exercer a cidadania.

A importância e o valor do livre associativismo decorre do facto de constituir uma criação e realização viva e independente; uma expressão da acção social das populações nas mais variadas áreas, uma maneira de ser interveniente no bem-estar comum.

Acho que o Alentejo nunca foi muito dado ao associativismo, excepto durante a Reforma Agrária. Talvez devido ao regime de propriedade, latifúndio, nunca houve uma necessidade de associação, como com a pequena propriedade do norte e centro, onde os agricultores se organizam para fazer os trabalhos á vez, ou os ainda hoje conhecidos em Trás-os-Montes forno comunitário ou o boi do povo. Tenho notícias de em tempos ter havido aqui uns resquícios de associativismo. Até aos anos trinta de século passado, Seda tinha baldios. Então havia um rebanho comunitário, a Adua, cujo pastor era pago por todos os proprietários de animais. Com o incremento do Estado Novo, os latifundiários directamente ou por intermédio dos seus lacaios, ocuparam os cargos públicos, Junta, Regedoria e Casa do Povo, e apropriaram-se dos terrenos. Nos anos cinquenta já não havia notícia de baldios e comunitarismo. O trabalho assalariado nunca motivou as pessoas a unirem-se. E quando isso aconteceu, na luta pelas oito horas de trabalho, foi fortemente reprimido. É mais fácil controlar divíduos, que movimentos organizados, a união faz a força. Por isso, no Alentejo, o individualismo sempre foi encorajado.

Neste momento em Seda há duas associações. A Comissão de Melhoramentos da Freguesia de Seda, prestadora de cuidados a idosos e o Clube de Caçadores e Pescadores. Pertenço a primeira desde a fundação e neste momento estou dos dois lados, associado e utente.

A principal dificuldade de que o movimento associativo enferma, é a tal tendência individualista incutida através das gerações. Quem tem qualidades para gerir, não quer, quem quer, não tem qualidades. É um problema muito maior do que a falta de verbas. Neste país, o dinheiro sempre aparece. Desde que se saiba bater às portas certas.

Para resolver o problema da falta de pessoas interessadas nestes projectos colectivos, tem que se começar pela base. Envolver as crianças muito precocemente.

10 comentários:

  1. Sem dúvida que o associativismo é muito importante na nossa sociedade, os grandes problemas de hoje em dia são os "ismo", o egoísmo, o individualismo, o protagonismo e a falta de democracia existentes em muitas associações de norte a sul, que se traduzem directamente na falta de interesse dos mais jovens em ajudar voluntariamente.

    Não creio que incentivando as crianças se chegue lá, porque as crianças crescem e quando começam a pensar pela própria cabeça, alheiam-se a este tipo de movimentações de carácter “social”.

    ResponderEliminar
  2. Estou farto da ajuda, da caridade, desse associativismo. Quando há técnicos que precisam e têm qualificação para que se vão buscar voluntários? Para quê, dar azo ao protagonismo?
    Associativismo sim, mas nunca para Equipamentos Sociais, essa tarefa pertence ao Estado.
    Associativismo sim ,mas em defesa de valores, de Direitos e de garantiad democráticas. Caridade? Era no tempo da outra senhora.
    ZDE

    ResponderEliminar
  3. O meu pensamento também é esse.
    O Associativismo só serve como organizador de vontades. Pra meter a mão no trabalho, só os técnicos.
    O mal dos equipamentos sociais, é poder que se atribuem os idiotas, em assuntos técnicos.

    ResponderEliminar
  4. De acordo.
    Os técnicos respondem a quem se preocupa com os "ismos", de nada lhe serve os conhecimentos,mesmo que tenham vontade de voar ou até piar, a unica coisa que lhe resta é assobiar.

    ResponderEliminar
  5. E também há as Instituições que tutelam os técnicos. Podem fazer relatórios, exposições.

    ResponderEliminar
  6. Sobre o associativismo ou a falta dele há muito a falar. É verdade que durante a ditadura as Associações foram proibidas a não ser que fossem claramente controladas pelo "Estado Novo".
    Actualmente sabe-se que associativismo não rima com caciquismo mas que há associações cujo caciquismo é evidente isso não é novidade.
    O individualismo é um companheiro ideal da actual situação ou seja a manutenção de um ditado reacionário e imobilista muito utilizado ainda, ou seja "melhor que o que está ninguém o põe" ou traduzido para linguagem simples "Eles é que sabem".
    Eles, os ditos, não são tão tolos como se pensa.
    Eles trabalham muito e bem para manter a situação.Pudera!

    ResponderEliminar
  7. Este tipo de associativismo só é permitido num país como o nosso “pequeno”, em que o estado dá armas e recargas a quem nunca as soube usar, e atiram-nos para guerra, esquecendo-se que neste momento todas as batalhas são importantes, este é o momento de mudar de estratégia e olhar-se para os recursos como bens verdadeiramente escassos, os milagres da multiplicação vão acabar!
    E isto está mau, fará se não estivesse!

    ResponderEliminar
  8. Absolutamente de acordo. Não se percebe o papel do Estado numa época de recursos escassos.
    A menos que se continue a acreditar na multiplicação dos euros. Quem pagará a factura?
    Sabemos que não há almoços grátis e que o dinheiro não cai do céu. Falta a explicação do milagre para podermos acreditar na continuação da festa.

    ResponderEliminar
  9. As coisas podem estar a mudar.
    Mas nunca vi alguèm neste país bater á porta do Estado e voltar de mão a abanar.
    Há sempre dinheiro para quem se sabe mover ou conhece alguém.

    ResponderEliminar
  10. Há até pessoas - inteligentes claro - que a partir de um projecto de evento bem delineado e com aceitação das "entidades competentes" conseguem uma dezena de subsídios para o mesmo acontecimento.É só necessário que o pedinte conheça bem o meio e actue em conformidade.
    Infelizmente isto é verdade num país dito pobre.

    ResponderEliminar