sexta-feira, junho 10

10 de Junho

Rui Veloso & Carlos Tê - Valsinha das Medalhas
Para quem se sente sem chama nem imaginação, nada melhor que ver as cerimónias do 10 de Junho (Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas).
Os discursos são vazios, ocas, repetitivos, felizmente essa inenarrável aventesma e cavalar figura que temos como Presidente, não se lembrou da sua juventude para exortar ao fascista Dia da Raça.
È sempre tudo igual, as mesmas condecorações que inspiraram Carlos Tê na Valsinha das Medalhas, «Quem és tu donde vens, conta-nos lá os teus feitos, que eu nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos»
Até Manuela Ferreira Leite teve direito, o amiguismo impera.

Não seria melhor dar um cunho mais camoniano ao dia? Divulgar a obra do poeta, a vertente global que ele nos trouxe? Eu ainda há dias me lembrava em conversa á Endecha a Bárbara Escrava, «Aquela cativa, que me tem cativo, porque nela vivo, já não quer que viva. Eu nunca vi rosa, que em suaves molhos, que para meus olhos, fosse mais fermosa»
Eu tenho-o sempre presente, no que escrevo, no que penso, é a medida de todas as coisas.

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Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais servira, se não fora
Pera tão longo amor tão curta a vida!

(Luís Vaz de Camões)

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