segunda-feira, abril 21

O TER E O SER



Eu, nesta minha vida, não tenho nada de meu, a não ser o pouco que sou.
Cheguei aqui nu e assim partirei, se alguém não se encarregasse de me vestir do supérfluo de umas vestes, que para nada me servirão. Nem para me livrar do frio e do calor e muito menos de olhares alheios.
Se preferia ser diferente? Claro que sim. Mais inteligente, mais culto, mais amado, mais amigo, mais solidário, mais conhecido, enfim, uma pessoa melhor. É claro que também gostava de ser mais saudável. Não será isso excesso de ambição? Afinal eu sou o que mereço ser, nada mais.
No capítulo do ter, poderia apregoar “carros, parelhas e montes”, que infelizmente não tenho. Isso interessaria à maioria das pessoas? Claro que não. E as poucas a quem interessasse, não me interessam a mim.
Se eu tivesse castelos na Normandia, ou fazendas de café no Brasil, não tocaria a ninguém, já se eu mostrar um poema, posso tocar os outros.
Isso não significa que eu ache um poema mais importante que os bens, rapidamente trocaria todos os poemas por bens materiais. Mas só me interessariam a mim, não tocavam os outros.
Sei de quem nos chats, se ufane do que tem, eu tento mostrar o que sou, talvez por não ter mais nada do que eu.
Cada um tem o que merece.

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