quarta-feira, abril 23

Joaquim António Godinho - Escritor



CARTA DE AMOR

Fernando Pessoa, o maior de todos os poetas modernos, escreveu; “Todas as cartas de amor, são ridículas…” e “Ridículo, é quem nunca escreveu cartas de amor, ridículas”. O poeta referia-se ao amor entre pessoas que se encontram, não ao amor familiar, amor esse que creio nunca ter sentido. Toda a poesia de amor de Pessoa, estou em crer, é fingida, magistralmente fingida, como só ele seria capaz. “O poeta é um fingidor”, ele conseguiu fingir que amava, sentir o que não sentia e talvez por isso, chamou de ridículas as cartas que o poeta fingidor e ridículo, nunca escreveu.
Eu, confesso que amo, que te amo, por isso, quero escrever-te uma carta de amor, sincera.
Não são ridículas as cartas de amor que te escreva, porque o meu amor é verdadeiro e mensurável, palpável, como o teu corpo que amo e a tua alma que venero.
Amo-te, verdadeiramente, porque te amo sem procurar factos com que me justifique, amo-te porque sim.
Amo o teu desprendimento, amo a coragem de pulares meio mundo para me conheceres, a mim, que pouco valho e só tenho de meu duas mãos cheias de nada e todo o amor do mundo.
Amo essa tua força de encarar uma sociedade que nunca te vai entender, nos entender e suportar o dedo apontado.
Amo a tua loucura, porque, se amar alguém como eu é difícil, assumi-lo e querer vivê-lo será uma desmesurada loucura.
Amo todo esse teu desassombro e, porque não dizê-lo, amo esta minha insensatez de querer correr atrás da minha última utopia.
Amo esta nossa contagiante aventura de amar e ser amado, sem pensar no como vivê-la na prática.
Amo-te, sem cuidar de ter em conta todas as consequências deste amor insano, loucamente, incondicionalmente,
Amo-te mulher, como pessoa e como o homem que, apesar de tudo, também sou.

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