quarta-feira, janeiro 16

Crónicas do Planalto



 Cartas de Amor
(ensaio para outros voos)

Não sei como será com escritores a sério, comigo humilde escrevinhador é complicado escrever uma crónica. A primeira palavra é uma tortura, depois torna-se tudo mais simples. Hoje é dia de abrir a veia e escrever a sangue vivo, tentar produzir a obra-prima que todos procuram e muito poucos conseguem.
Pedes-me que escreva uma Carta de Amor e eu fico á nora. Sabes que “todas as cartas de amor são ridículas, se não fossem ridículas não seria cartas de amor”, eu chego á conclusão que sou um homem ridículo porque nunca escrevo cartas de amor ridículas. Recebo cartas de amor, tu sabes, o poeta estava errado, as tuas cartas de amor não são ridículas, são simplesmente cartas que falam de amor, lindas.
Mas eu tenho muita dificuldade em escrever essas cartas, opto por fazê-lo á minha maneira, cartas meio caóticas que falam de mim e por mim.
Começo por dizer que te amo, de uma maneira total. Amo como mulher, amiga, companheira, confidente, mãe… Amo-te totalmente e inteira. Sabes que não é a minha maneira de ser andar sempre a dizê-lo, há palavras que não precisam ser ditas a toda a hora, é assim que eu penso.
Mas o que sinto por ti, nunca me fez esquecer de mim, de quem e como sou. Eu gosto do amor em liberdade. Muitas das minhas ligações perderam-me, ou perdi-as eu, porque me quiseram prender.
Eu não tive uma vida fácil, nem tenho, precisei de aprender em pouco tempo o que os outros aprendem ao longo de muitos anos. Talvez por isso, aprendi o importante e o que é mais supérfluo, deixei para ir aprendendo com o tempo. Quero, preciso, que tu me ensines essas coisas do dia-a-dia, mas que não me ofereças uma coleira como enfeite.
Sabes que eu gosto de me testar, gosto de afiar a unhas como os gatos e nunca perco uma oportunidade para o fazer. Mas isso não é traição, nem infidelidade, é só a minha maneira de me encontrar.
Peço-te, antes de tudo e para que tudo corra pelo melhor, um crédito de confiança.

(jag 13/01/03)

2 comentários:

  1. Pensei que fosse uma carta para alguém que sumiu e desistiu de um amor dividido.
    No final vi que não era.
    Que engano bom!

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