terça-feira, janeiro 1

Crónicas do Planalto VIII



Ano Velho

Não! Não quero, não insistam! Não vou abrir a porta e passar de ano! Não vejo motivo para mudar só por mudar, quero continuar. Amanhã será 32 de Dezembro, depois 33 e ficamos assim.
Não quero terminar 2012, porque não quero, pronto! Este foi o melhor ano da minha vida, corolário de todos os que o precederam. Fui feliz, realizei-me, ganhei o respeito dos outros e conheci pessoas que me vão acompanhar por muito tempo.
Os meus sonhos consolidaram-se e excederam as minhas melhores espectativas, a realidade suplantou o desejo.
Sabem? Eu antigamente quando olhava á minha volta, ficava triste; a minha vida não tinha seguido os cânones, não segui, contra vontade minha, o rumo dos meus amigos, o considerado normal. Não é fácil para alguém ainda não formado, sentir-se desviado da dita normalidade.
Hoje, situo-me, volto a olhar o meu passado, inventario todo o meu percurso e sinto-me feliz. É verdade que muito deste “contentismo” pode ser levado á pala de vaidade ou do tipo convencido que se diz que eu sou…
Mas o facto é que estou feliz com o rumo que a vida me impôs.
Feliz por não estar a pagar uma casa a prestações, por não ter um carro em 3ª mão e uma penca de filhos desempregados e desinteressados do futuro.
Feliz por não viver com uma mulher feia, gorda e cheia de varizes, cujo único interesse é a vida alheia, ante a sua, uma aridez de sentimentos.
Feliz por não me limitar ao amor animal, com dia e hora marcada. Sempre os mesmos gestos, os mesmos cheiros.
Feliz por amar e ser muito amado e conseguir plantar emoções na imaginação das pessoas com quem me cruzo. Cheirar rosas evitando os espinhos.
Feliz por ter ganho asas, saber sonhar e conseguir encadear os meus sonhos em construções lógicas.
Feliz por eu, sim eu… Ter aprendido o dom de tocar corações.

(jag 12/12/31)

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