Porque hoje é sábado…

Eis-me de novo qual cavaleiro da triste figura, não ante moinhos de vento mas de uma imensa folha de papel e um enorme emaranhado de ideias.

Faço-o muitas vezes por jactância, em resposta a um desafio alheio ou mesmo próprio, desta vez a coisa fia mais fino.

Tenho motivo…, de monta por sinal; logo uma obrigação mais responsável na procura das palavras.

Uma pessoa que encontrei há pouco tempo, quis conhecer-me, (não me perguntem o motivo…).

Veio hoje, na data e hora prometida e trouxe o que eu lhe pedi, uns olhos que falam de sinceridade.

Trouxe-me um CD da Mariza, com dedicatória e tudo, e eu sem ter como retribuir, fiquei a magicar numa história antiga.

Consta que Camões querendo oferecer um banquete aos amigos de boémia, e não tendo ouro para o custear, lhes serviu versos em vez das acostumadas iguarias.

Eu, não tendo o “engenho e arte” do mestre, sirvo um repasto ao meu nível. Não esqueçam, “subalimentados do sonho”, que segundo Natália, “a poesia é para comer”.

Ah! Tem uma enorme vontade de falar e um sorriso pouco comum, de bonito. Do resto…, bem do resto, reparei mas não me atrevo a falar, não quero candidatar-me a um puxão de orelhas na próxima visita.

Cabelo bem penteado

Uns olhos de acreditar

E um sorriso de encantar

Esgrouviada? É pecado

Boca de lábio rosado

Desenvoltura ao falar

Com quem apetece estar

Um corpo bem torneado

De criticar lhe o cabelo

Deveras me arrependi

Imagina o que sofri?

Por ter cometido o erro

Merecendo perdão de si

Não voltarei a fazê-lo

Seda, 03/03/2012