domingo, janeiro 22

De Coração Partido

Não é fácil a vida de quem é pobre. Eu sempre tive muito pouco, os meus rendimentos sempre foram “rés vês Campo de Ourique”. Raramente tenho sobras e trago sempre as minhas contas “na ponta do lápis”. Sempre assim foi.
Para quem nunca aprendeu a encurtar os meses e porque há um único Fevereiro, só lhes resta mesmo esticar os magros proventos, porque o dia trinta e um fica sempre bem longe.
O meu único bem, é o costume de quem tem pouco, habituei-me a viver com o que tenho, desde tenra idade.
Se nunca fui uma pessoa rica, bem pelo contrário, prezo-me de ser uma rica pessoa. Desenvolvi uma consciência social apurada, ao ponto de do meu pouco, repartir sempre com quem menos tem.
Afligem-me as dificuldades alheias, ao ponto de ontem ter ficado de coração partido, quando soube dos tremendos apertos financeiros por que passa o Casal Presidencial. É vergonhoso que num país respeitável e do primeiro mundo, o mais alto representante da Nação, possa vir a ter que recorrer á Sopa dos Pobres para poder suprir as suas necessidades alimentares.
Então, como o senhor está no norte, lembrei-me de pedir aos amigos da zona do Porto, para que cuidem da famélica criatura enquanto por lá perambular.
Amigos José Bessa e Sérgio Bessa, sei que são bons homens do norte e grandes respeitadores das instituições, então, apelo á vossa solidariedade humana, ou se mais vos agradar á caridade cristã. Ajudem o senhor professor Cavaco.
Sei que nada vos custará providenciar-lhe uma malga de sopa, um pratinho de tripas ou uma francesinha, (das do Porto, que nenhuma das verdadeiras terá estômago para ser comida pelo professor). Será um serviço ao país e um favor a este vosso amigo.
E por caridade, quando ele por fim descer para Lisboa, providenciem-lhe um bom farnel. Alguns chouriços, linguiças, uns nacos de broa, umas sandes de coiratos, papas de sarrabulho, etc. Tudo coisas simples mas de “sustância”, que as pessoas  mais precisadas querem é encher a pança, sem olhar á comida com que o fazem.
Façam-no de molde a que a mesa presidencial fique farta pelo menos durante duas ou três semanas. E por favor, umas garrafas de vinho, para esquecer a miséria.

Desde já, o meu sincero obrigado, meus amigos.

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