segunda-feira, maio 13

SER NINGUÉM



 Quem és tu, romeiro?
- Ninguém…
                        (in Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett)

Neste diálogo emblemático da peça, entre Telmo Pais e Dom João, o romeiro é um não ser. Alguém que estando vivo pertence ao mundo dos mortos e é bom para todos que de lá não saia. Até o fiel escudeiro, prefere que o seu senhor não se mostre, não reclame a identidade. O mito sebastiânico português, de um povo que espera o regresso do rei numa manhã de nevoeiro, e uma nobreza que goza as benesses de um suserano.
Sempre foi assim este país, uma pequena minoria que vive á grande e á francesa, (neste caso á castelhana), e o povo que tenta sobreviver.
Ser ninguém, é uma impossibilidade. O facto de ser pressupõe alguém, alguma coisa.
Não se trata do shakespeariano ser ou não ser, (to be or not to be), nós, como sempre complicamos tudo deparamo-nos com um ser e não ser.
Já me senti ninguém muitas vezes. Tempos difíceis, passados no escuro da vida, a arquitetar sonhos de concretização nunca imaginada.
Amanhã, não sei o que serei. O amanhã preocupa-me, mas não ao ponto de me esconder do mundo. Espero …
Sei que hoje sou muito pouco mas estou certo de não “ser ninguém”, sou o que sou, sou eu.

- j a godinho 10/05/13 -

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