sábado, abril 21

Crónica de Despertar


Não é fácil escrever por encomenda, podem crer, pelo menos para mim é muito difícil. Eu tento escrever o menos possível com a cabeça e recorrer mais aos sentimentos.
A escrita intelectual que se baseia em maneiras de pensar definidas, cada vez me aborrece mais, talvez por isso tenha deixado de me interessar a política, a racionalidade, (se a nossa o é).
Gosto de escrever sem destino, encadear umas palavras nas outras sem um propósito definido e esperar para ver.
Mas pediram-me para escrever sobre Alter e o concelho, falar dos monumentos, fazer poesia, (a que eu sou um pouco avesso).
Vivi quatro anos da minha vida em Alter. Foram bons, poderia dizer como o outro, fui feliz em Alter. Não estudei muito, por decisão minha talvez, sempre fui um aluno de suficiente. Lembro de no último dia de aulas ter despachado todos os livros do 5º ano pelas janelas da “carrinha”.
Conheci pessoas de quem ainda hoje guardo grata recordação; Dona Mabília, o Padre Zé Maria, seu Vitorino, gostava do professor Zé Manel Cary, um homem frontal.
E colegas, uns de quem nunca mais ouvi falar, outros que continuaram comigo, ou que reencontrei agora.
Há dias li por aqui a Lenda dos Doze Melhores de Alter, que não conhecia. Fiquei a pensar no nobre que matou homens honrados que defendiam as suas terras, só teve por castigo, que eu diria prémio, refugiar-se em Espanha. Pensei em Camões e no desconcerto do mundo, “Fui mau, mas fui castigado, assim que, só pera mim, anda o Mundo concertado”.
O Castelo de Alter é bonito, moderno, já na data da construção não se deviam sentir grandes necessidades de defesa do território. Só lá entrei uma vez, há muitos anos, talvez trinta e oito e nunca mais lá vou voltar. Estes monumentos que perduram no tempo não nos transmitem a ideia do efémero que tanto nos atrai. Está ali, um dia vamos lá, vai-se adiando.
Eu também não sou muito de me encantar com pedras, seduz-me, isso sim, imaginar as pessoas que passaram pelos lugares; como pensavam, a sua visão do mundo, ou como imaginavam o futuro.
E o Castelo de Alter, sem ter a figura do Sr. Bola-a-bola á porta, não deve ser a mesma coisa.

Sem comentários:

Enviar um comentário