domingo, fevereiro 19

Soltar palavras


Nunca fui dono de um grande alfobre de palavras.
Uso as que encontro por aí perdidas no vento.
Estico os braços, agarro umas quantas que passam perto,
analiso-as e semeio-as como minhas na folha branca.

Com respeito e parcimónia, sirvo-me delas e deixo-as ir,
para o coração de um próximo sedento de se exprimir.

Mas ainda trago no peito algumas palavras cativas!
Já há muito que deviam ter sido soltas, é verdade,
devia-as a mim, mas sobretudo a ti, que partiste.

Esta minha inibição de me contar, só agora vai passando.
Só passados tantos anos consigo falar de perdas,
da solidão de quem fica, sem ter respostas.

Das tantas perguntas que não fiz, das coisas que não disse
e da impossibilidade de voltar atrás e refazer tudo.

2012 02 17

1 comentário:

  1. HOJE CORTEI MINHA MÃO...
    MAS COMO É DOMINGO
    NÃO TENHO TEU OMBRO...
    PARA CHORAR...

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