sexta-feira, março 22

Porque mudamos nós?



Não me agrada muito este “nós”, eu com o tempo estou cada vez mais individualista, só me apetece falar do “eu”, nem o “nós” majestático me seduz.
Porque mudei eu, perguntam-me. Talvez para ficar mais igual ao que sou, relativizar o amadurecimento interior, com a idade física.
Conheço pessoas que não sabem fazer esse trajeto, homens que se tornam garotos velhos e ridículos, ou mulheres que escondem as rugas deliciosas sob camadas absurdas de betume cosmético. São pessoas que envelheceram sem perceberem.
Eu mudei muito. O engraçado é que dou por mim muitas vezes a pensar que poucas pessoas perceberam isso. Os que me conheceram antes, continuam a ver-me da mesma maneira, provavelmente nunca vão descobrir o “eu” de hoje. As pessoas catalogam muito facilmente os outros, depois esquecem, estão demasiado ocupadas com próprio umbigo, para se aperceberem do que se passa á volta. É verdade que eu também estou pouco interessado em chamar-lhes a atenção, seja por vaidade, birra, ou falta de interesse, mesmo. A verdade é que pouco me dizem as gentes pouco atentas aos outros. São poucas as amizades anteriores que transportei para o hoje.
Para os que só conheceram o eu atual, por vezes falo do passado, para que me consigam entender hoje, desculpar as minhas manias e os meus medos.
Eu mudei, sim mudei de uma maneira muito singular. Não o fiz espaçado no tempo, como uma evolução normal. Eu estagnei, passei com que um período de hibernação, um tempo de marasmo onde não me aconteceu nada. Passei anos no escuro da minha toca interior e saiu o outro. Durante tempos não me apercebi de ter mudado, de ver as coisas por outro angulo. Mas um dia, não sei precisar quando, eu era outro e comecei a entender o mundo.

- j a godinho -

Sem comentários:

Enviar um comentário