quarta-feira, junho 11

EXCERTO – CAPÍTULO XXIV


ACASOS – Cronica de um amor perfeito

Acordou cedo e bem descansado, depois do duche, vestiu só as calças e andou por ali a tomar o café e a tentar não se esquecer de nada. Estava no quarto, quando lhe pareceu que a porta se abria, sorriu, “Visita madrugadora?”, ouviu uns passos inconfundíveis a chegar à porta do quarto.
- Vizinha do 5º esquerdo? Entra linda.
A porta semicerrada, abriu-se totalmente.
- Ouve lá palhaço, quem é a serigaita? E o que vinha fazer aqui?
- És tu loirinha? Que bom que vieste, entra e dá-me um beijo.
- Deixa de ser sonso, quero uma explicação, já.
- Ahahahah! Meu amor, pensa. O meu prédio só tem até ao 4º andar. Tontinha.
Ela riu da sua própria fúria.
- Tu tiras-me do sério, homem. Apetece-me bater-te.
Agarrou-a pela cintura e deitou-a na cama ainda desfeita. Depois deixou cair o seu corpo sobre o dela, quente e macio. Estava em tronco nu e as mãos de Sara, timidamente, começaram a percorrer-lhe as costas, primeiro delicadas e lentas, depois com a sofreguidão do desejo, cravava as unhas por todo o corpo. Beijou-a com carinho e à medida que ela respondia, os beijos prolongavam-se, mordidos, amassados e com a língua procurava a dela, cada vez mais avidamente. Desceu para o pescoço e abriu-lhe a blusa, com movimentos lentos e os olhos cravados nos dela, incendiados e muito mais brilhantes, de pupilas dilatadas.
O “soutien” abria ao meio e ele deixou-a de seios nus, admiravelmente belos, de um branco leitoso e mamilos bem definidos e rosados. Começou por colar o seu peito nela, enquanto lhe voltava a procurar a boca, louco, de seguida, quando passou a acariciar e beijar-lhe os mamilos, ela tremia. A língua à volta deles, numa dança mágica, arrancava gemidos de prazer e movimentos do tronco e da cabeça de Sara, o rosto afogueado dos dois, denunciava o estado de excitação. Estavam prestes a atingir o ponto de não retorno, quando ouviu uma voz dela, débil, com muito pouca convicção.
- Espera, João. Assim não, não temos tempo, nem é o lugar. Lembra o que combinámos.
Caiu em si. Um último beijo longo e intenso, rolou na cama e ficaram lado-a-lado, de respiração acelerada e de olhos fixos no teto. Enquanto ela apertava a blusa, ele começou a rir.
- Ufa! Estivemos muito perto. Quase o Lobo Mau e o Capuchinho Vermelho, perdoa linda, descontrolei-me.
- Não tens culpa, eu também estava aqui e fiquei louca de vontade. Temos que ir embora, mas antes vou só lavar-me, não posso ir trabalhar assim.
- Assim como?
- Ora! Parvo, não faças perguntas indiscretas.
Antes de ir, atirou-lhe uma almofada e ele ficou a rir do embaraço dela. Deixou-o na estação, pouco passava das oito e meia, ia chegar atrasada ao hospital e não gostava disso. Foi mesmo uma tonta, devia ter previsto aquela agarração. Se neste ensaio, falhado, foi assim, quando a ocasião chegasse ia morrer. Tinha que beber muitos líquidos, ou corria o risco de desidratar.

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