Há dias,
fizeram-me uma proposta a que eu julguei não ser capaz de corresponder,
escrever uma Mensagem de Natal. Mas, como não fui nunca de desistir sem tentar,
aqui fica.
Natal é …
Natal
é luz, calor, decoração. Numa tentativa de escapar ao cinzentismo da época,
terão nascido as hoje imprescindíveis luzes e decorações dos aglomerados
populacionais e o tronco, que todas as casas queimam na lareira, uma maneira de
fugir aos rigores do Inverno. Mas luz, a verdadeiramente importante, é a que se
pode beber nos olhos de uma criança ao abrir o tão ansiado presente, ou o
avivar do olhar dum idoso na paz de toda a família reunida à volta da mesa.
Natal
é gastronomia, que para nós antigamente sempre de míngua à mesa, era a época de
comer bem, com alguns dos exageros que a vida não permitia noutros tempos. As heroicas
mulheres alentejanas, com os nossos produtos, sempre fizeram maravilhas.
Produtos tão pobres, como o nosso trigo feito farinha, os ovos, o mel, o grão,
a batata, o mogango e o nosso azeite único, tornam-se dignos de tanta riqueza,
que adquiriram a honra de subir à mesa do pobre.
Natal
é, acima de tudo a festa dos afetos, do aconchego, de estar presente. Quem dera
que esta sala fosse tão grande, para que num mundo perfeito, como se quer nesta
quadra tão especial, nela tivessem lugar à mesa todos os que estando ausentes,
são presença viva nos vossos corações, tão precisados de atenção e carinho, que
na correria diária é humanamente impossível proporcionar-vos, apesar do estoico
esforço e boa vontade.
Natal
é música, (cantes de Natal sempre belos), fé, (para os crentes), e
solidariedade para os homens de boa vontade. É porta aberta para quem queira
entrar e pão e vinho sobre a mesa, como diz a canção, dividir o pouco por
muitos, traz a gratidão de quem recebe e uma imensa felicidade a quem partilha,
porque só o dar e o dar-se é melhor que receber.
Natal
é simplicidade, gestos puros, olhar o outro de braços e coração abertos, como
se o próximo fosse aquilo que é, nosso irmão. Mas, o ideal seria conseguir
superar a época e fazer o Natal transpor o final do ano e prolongar-se, fazendo
de todos os dias a festa dos afetos. Se Natal é quando um homem quiser, quem o
impede de o querer todos os dias? Um querer de coração, pode fazer a
Multiplicação do Amor.
Natal
é, para os que aqui vivemos como uma família, mesmo ansiando mais saúde, termos
que aceitar viver com a que temos, viver um dia de cada vez, e cada Natal como
cada dia. E amanhã, no próximo Dia de Natal, estarmos todos por cá.
Natal
é hoje, para quem continua esta aventura de viver.
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