Parece ser um tema algo narcisista, mas não é, de
maneira nenhuma. Eu, raramente me vejo ao espelho, e mesmo que o fizesse, os
meus olhos não me diriam nada de novo, a não ser a banalidade de ser eu, o
hábito.
Por isso, para me conseguir caracterizar, procuro-me
na imagem que os outros me devolvem, porque é nos outros que devemos procurar o
nosso “eu”.
É a única maneira que temos de saber de nós, saber
como os outos nos veem. Essa ideia do auto conhecimento não me diz nada, estou
convicto que não passa de um enorme disparate.
Noutros tempos, os meus olhos falavam de tristeza e
medo, tinha muita dificuldade em cruzar o olhar com alguém. Quando era
impossível de todo fugir, adotava um olhar arrogante, de desafio, muito
insolente. Acredito hoje que o fazia como defesa, as pessoas que se sentem
debilitadas e que não cedem à humildade, fazem-no sempre. Não sei se os outros
o entendiam assim, quando nem mesmo eu sei porque o fazia.
Hoje tudo é diferente, mudei, como não podia deixar de
ser, não podemos fugir ao tempo. Vou recebendo notícias dos meus olhos, a
imagem que os outros me fazem chegar.
Hoje são calmos e confiantes, a maior parte das vezes,
sinal de pessoa resolvida, de bem consigo. Por vezes dizem-me que ficam duros e
eu sei que é verdade, sou demasiado exigente com os outros, mas comigo também.
Adoto um olhar interessado, principalmente quando as
pessoas novas me dizem alguma coisa.
Já me disseram que tenho olhar de menino mimado,
quando por algum motivo faço birra. Também tenho olhares privados, com nome,
que só pertencem a uma pessoa. Mas o mais constante é o olhar irónico.
Se os olhos são o espelho da alma? Não! Ou eu teria
tantas almas, quantas as pessoas que olho.
Amigo Joaquim, não precisas de ter muitas almas para seres capaz de ver as que olhas...basta-te a tua!
ResponderEliminarBj.
M.M.