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“ OS DIAS “ ---
Ganhei, não sendo ganhão, comecei a lutar
no primeiro instante da minha vida e até hoje, ganhei esta minha batalha contra
o esperado desfecho.
Era o menino mais fraquinho que a minha
avó, comadre de aparar tantos rebentos, alguma vez vira. Magrinho, de pele e
osso, não chorava porque não tinha forças, nem para mamar. Todos pensaram que
dali não havia esperança de vida, seriam horas, as que demoraria a ir parar ao
Talhão dos Anjinhos. Naquele tempo morriam muitas crianças, daí o cemitério da
terra ter um espaço, e bem grande, destinado a elas.
Durante alguns dias, mãe e avó montaram
guarda dia e noite, para não passarem pelo desgosto de que o seu menino morresse
sozinho.
Mas querem que vos conte um “causo” quase
inconcebível? Não morri como era esperado, ganhei o jeito de mamar e, passados
uns meses enchi as peles e comecei a berrar, como bezerro desmamado.
Passaram muitos anos, quase cinquenta e
cinco, já não tenho tamanho para caber no Talhão dos Anjinhos, que foi
desativado.
Tudo isto se deveu à minha bem conhecida
teimosia.
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j a g -
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