Capítulo
II
Á tarde, Marina voltou a casa. Casa
vazia, sem calor humano, como a deixou, assim a encontrou. Depois de um dia
passado na Escola Secundária, estava cansada, mas aquela figura de homem
começava a tomar forma na sua mente e aos poucos foi recordando pequenos nadas
que a deixavam intrigada.
Tomou o seu duche, não lhe apeteceu
comer, deitou-se e adormeceu embalada na recordação daquele homem.
Na manhã seguinte levantou-se a horas,
até um pouco mais cedo do que o costume, caprichou na roupa a vestir, no
arranjo do cabelo (comprido com leves caracóis), pegou na pasta e saiu. Saiu na
esperança de encontrar “o homem”.
Passado um pouco avistou-o ao fim do
passeio.
Foi até ao carro e fingiu que estava
com problemas na fechadura, esperando-o.
Ele chegou e cumprimentou-a:
- Bom Dia! Marina, eu sou António,
António Soares.
- Bom Dia! António, eu sou Marina
Alves.
-Marina hoje ainda temos um tempinho,
quer vir tomar um café? Há um aqui mesmo.
-Sim, vamos, porque não? O nosso
encontro de ontem foi muito estapafúrdio. Vamos fazê-lo corretamente.
Apresentaram-se novamente como se fosse
a primeira vez que se vissem, e lá foram a caminho do café.
Conversaram sobre tudo e sobre nada, da
vida, escola, chamada conversa de circunstância, também da coincidência de serem
ambos professores e por ali ficaram.
- Até amanhã. Pode ser? - Perguntou
António.
- Pode, porque não?
E foram cada um para seu lado. O
coração de Marina, palpitava parecendo querer soltar-se do peito. “Que se passa
contigo pequena?”, Pensou… “Até parece que nunca tiveste um homem”.
Os dias foram passando, os encontros
continuaram e chegada sexta-feira, diz o António:
- Marina, desculpa o atrevimento, tu
tens namorado?
- Não. Há muito que não tenho namorado.
E tu? És casado ou estás com alguém?
- Não, não estou. Já fui casado mas
hoje vivo só. Não deu certo.
- Pena...
- Marina, amanhã tens alguma coisa
combinada? Um passeio com amigos, ou uma ida ao cinema?
-Não. Os meus fins-de-semana são
passados a preparar as aulas da semana seguinte e a arrumar a casa. De vez em
quando vou ao cinema ou ao teatro, mas não, não tenho nada programado.
- Queres ir ao cinema? Vai um filme de
culto no Cinema Estúdio, podíamos ir.
(continua)
Marina pensa. Está tentada a dizer que
sim e o coração falou mais forte:
- Sim. Está bem, mas só ao cinema.
António sorri:
- Nem espero mais nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário