Ontem, entraste na minha vida e
mudaste tudo. Do caos negro e triste que era o fundo do poço onde eu sobrevivia
a custo, já sem forças para escavar uma saída e muito menos para me içar à
borda do abismo, trouxeste a já perdida alegria e fizeste renascer esperança.
Deste-me as duas mãos, não só uma, quando eu mais precisava de uma luz de
futuro. Eu estava perdido num deserto sem caminho e chegaste, qual oásis de
frescura, para me ensinar o caminho para a vida em que eu já descria, que não
me interessava, totalmente entregue ao que se me configurava o inevitável fim.
Foram tardes de um perene
encantamento, aquelas. Tu chegavas com vontade de me dares um pouco da tua e eu
recebia-a ávido de me dar e receber. E dessa troca de vida, eu fiz sonho, feito
poesia, escrevi-te e escrevi-me em milhares de textos que eram nossos, como os
filhos que nunca teremos. Tu eras a musa e eu, o verbo, tu eras a inspiração e
eu escrevia à luz dos teus olhos negros e imensos.
Hoje, tudo mudou, percebi que era só
sonho, não tinhas nada de palpável para me dar, ou eu nunca descobri o caminho
para ti. Trazias um futuro que eu não conhecia, feito de outras vidas e que não
podíamos tomar nas mãos, porque só pertencia ao etéreo, a um Deus que nunca
tive. Tentei agarrar essa esperança, ah como eu tentei! Não consegui, nunca
conseguirei perceber esse teu mundo de renúncia consentida. Mas não baixei os
braços, tentei enquanto senti ser possível, haver um futuro para nós.
Mas não havia, cada vez nos
separávamos mais. Eu, que acredito na utopia coletiva, não fui capaz de
investir na nossa. Perdi-te, ou perdemo-nos, a culpa só pode ser dos dois, não
morre solteira. Perdi-me de ti neste longo caminho que foi a nossa relação,
cada dia mais distante. Sei o que faltou, provavelmente a culpa foi minha,
consegui tocar-te o coração, mas não logrei acender-te o corpo, foi falta minha
que continues a pensar erradamente que todos os homens são iguais.
Cresci durante este tempo. Percebi
que não havia poço, nem escuro, nem medos, tudo isso está dentro de nós e é
muito fácil de vencer, basta querer e eu quero. Nunca mais vou afundar-me em
incertezas e isso, devo-o a ti. Isso e a minha obra, a grande facilidade, com
que agora me sei escrever e entender.
Hoje sou outro, porque tu existes.
Obrigado.
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j a g – 26/01/2014
Lindo reconhecimento...espero que o destinatário capte a mensagem do remetente.
ResponderEliminarSucesso Sempre !!!