Não
é fácil escrever por encomenda, podem crer, pelo menos para mim é muito
difícil. Eu tento escrever o menos possível com a cabeça e recorrer mais aos
sentimentos. A escrita intelectual que se baseia em maneiras de pensar
definidas, cada vez me aborrece mais, talvez por isso tenha deixado de me
interessar a política, a racionalidade, (se a nossa o é).
Por
encomenda
Gosto
de escrever sem destino, encadear umas palavras nas outras sem um propósito
definido e esperar para ver.
Mas
pediram-me para escrever sobre Alter e o concelho, falar dos monumentos, fazer
poesia, (a que eu sou um pouco avesso).
Vivi
quatro anos da minha vida em Alter. Foram bons, poderia dizer como o outro, fui
feliz em Alter. Não estudei muito, por decisão minha talvez, sempre fui um
aluno de suficiente. Lembro de no último dia de aulas ter despachado todos os
livros do 5º ano pelas janelas da “carrinha”.
Conheci
pessoas de quem ainda hoje guardo grata recordação; Dona Mabília, o Padre Zé
Maria, seu Vitorino, gostava do professor Zé Manel Cary, um homem frontal.
E
colegas, uns de quem nunca mais ouvi falar, outros que continuaram comigo, ou
que reencontrei agora.
Há
dias li por aqui a Lenda dos Doze Melhores de Alter, que não conhecia. Fiquei a
pensar no nobre que matou homens honrados que defendiam as suas terras, só teve
por castigo, que eu diria prémio, refugiar-se em Espanha. Pensei em Camões e no
desconcerto do mundo, “Fui mau, mas fui castigado, assim que, só pera mim, anda
o Mundo concertado”.
O
Castelo de Alter é bonito, moderno, já na data da construção não se deviam
sentir grandes necessidades de defesa do território. Só lá entrei uma vez, há
muitos anos, talvez trinta e oito e nunca mais lá vou voltar. Estes monumentos
que perduram no tempo não nos transmitem a ideia do efémero que tanto nos
atrai. Está ali, um dia vamos lá, vai-se adiando.
Eu
também não sou muito de me encantar com pedras, seduz-me, isso sim, imaginar as
pessoas que passaram pelos lugares; como pensavam, a sua visão do mundo, ou
como imaginavam o futuro.
E
o Castelo de Alter, sem ter a figura do Sr. Bola-a-bola á porta, não deve ser a
mesma coisa.
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