sexta-feira, outubro 22

Lenda do Pastor da Corrente de Ouro II (Benavila)

(continuação)

Entretanto, três anos passaram. O senhor de Butrón vendeu os terrenos em Benavila a um sobrinho de D. Pedro que voltara da guerra contra os infiéis. Logo, o fidalgo português pensou casar a filha com ele. Porém, Madalena amava José. O único que sabia deste amor era o seu confessor e, como esta chorava noite e dia, conseguiu que o bispo não autorizasse o casamento, invocando o parentesco próximo entre ela e o primo. D. Pedro não ficou satisfeito e fez novo pedido. Porém, o sobrinho, um homem de poucos escrúpulos, engendrou outro meio de obter a licença.

Numa noite de Inverno de muita chuva e vento, quando Madalena se despedira dele para se ir deitar, alguém lhe comunicou que o primo lhe rondava o quarto. A jovem logo se fechou à chave. No mesmo instante, começou a ouvir uma canção conhecida: a música preferida de José. Madalena correu à janela. No varandim estava o seu amado. Vinha preveni-la que o primo tinha arranjado uma chave do quarto dela e que a todo o momento iria entrar para a comprometer a casar-se com ele. A única solução era Madalena fugir para um convento e de lá contar tudo ao pai.

Madalena hesitou, mas ao ouvir os passos do primo, exclamou:

- Vamos descer! Prefiro ficar no convento para sempre a ser esposa dum homem que detesto!

Entretanto, o primo entrou no quarto, chamou pela jovem. Como não obtivesse resposta e visse a janela aberta, correu para ali. Vendo uma corda pendurada e o par de apaixonados que descia apressadamente, ficou cheio de ciúmes; num acto de desespero, pegou na espada que trazia e cortou a corta dum só golpe. Ouviu-se, então, um grito horrível. Madalena e José tinham caído e encontrado a morte na queda. Os cães começaram a ladrar, acordando toda a gente. O assassino, ao fugir, esbarrou ainda com D. Pedro que subia a escada. Exclamou que tinha impedido uma fuga; depois, saiu e desapareceu. O pai de Madalena correu para o quarto da filha. Abeirando-se da janela, viu os dois corpos abraçados sem vida no fosso do castelo. Gritou aos criados que lhos trouxessem. Viu, então, ao peito de José a corrente de ouro tão sua conhecida. Levou as mãos ao rosto e assim ficou à chuva e ao vento até que o obrigaram a regressar a casa.

Dias depois, no local onde os dois amantes tinham morrido, D. Pedro mandou erguer uma cruz com a seguinte inscrição:

"José e Madalena. Rezem um padre-nosso por suas almas".

1 comentário:

  1. Não conhecia a lenda e gostei muito,quem diria?Benavila tem uma linda lenda.Então e a de Seda? A Moura encantada? pode ser ???

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