Nos tempos que correm ainda é tabu. Ao ponto de se ouvir dizer, quando uma discussão se aprofunda demais: “Ainda vamos parar à eutanásia!”. Tenho também a ideia que é um assunto que assusta. A ideia de pôr um ponto final na vida é estranho, estava ligado só ao suicídio, o pecado que levava a um funeral quase clandestino. O inferno para quem partia e a vergonha para a família.
Acompanhei o desenvolvimento do caso Englaro (a jovem italiana em coma por quem o pai lutou contra os tribunais para que lhe desligassem as máquinas). Afligiram-me muito as pressões da Igreja. O último “descaro” do Ministro da Saúde Italiano, pressionando a clínica para não cumprir a ordem do tribunal. Mas fiquei com um profundo respeito pelo pai, que amava tanto a filha, ao ponto de preferir vê-la partir e acabar com todo aquele sofrimento. Não deve ser fácil um pai lutar tanto para conseguir que o filho morra.
Mas o caso mais emblemático para mim é o do espanhol Ramón Sampedro. Aqui é eutanásia pura. Um homem que, em plena posse das suas capacidades mentais, decide que não quer viver assim, prefere acabar com alguma dignidade, não pode ser contrariado. É um caso de auto-determinação. Não percebo como alguns sectores de pensamento defendam com tanto afinco o direito à vida e se esqueçam do direito à morte.
Não percebam que, tendo toda a legitimidade para fazê-lo, no aborto, o direito à vida não é um direito absoluto, interfere com outros direitos fundamentais. Ao passo que na eutanásia, não há outros direitos em causa.
É uma decisão que deve ser acompanhada por especialistas, ter o seu tempo de maturação e, depois de se chegar à conclusão de que não há equívocos, ser executada a vontade do requerente.
Outra vez??.....
ResponderEliminarVamos mudar de assunto.
Falemos de porcas de criação.
Eu tenho a história de Ramón Sampedro em espanhol, chama-se "Cartas desde el infierno" e em português "Mar adentro". Vi o filme e recolhi a história dentro de mim. Não se pode passar desapercebida. Não é fácil estar dentro de um corpo que não corresponde. A única coisa que resta é a grandeza da alma. A pureza do amor próprio e a vontade de ensinar ao mundo com o próprio exemplo.
ResponderEliminarTudo passa... E qualquer estado físico tem um final. As duras penas são as melhores premiadas. Não tenhas dúvidas.
Concordo plenamente com os comentários acima referidos. O último parágrafo da Joice é extraordinário.Não vi o filme, mas ouvi falar apesar de parecer ser um drama vou tentar ver ainda.
ResponderEliminarLindas palavras e grande amiga. Vê como tanta gente gosta de si.
Eu sei que as pessoas retribuem com muitos juros o pouco que lhes posso dar.
ResponderEliminarTem graça que tenho a sinopse do filme para editar amanhã.
Não perca a grande história e o extraordinário desempenho de Javier Barden.
Bom, bom o pouco que alguns dão é muitas vezes superior do que o muito que outros tem e nada dão.Fico aguardar então o resumo do filme e como tal já sei que me vou sensibilizar.
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