sábado, outubro 9

Aguarela Rural (influências)

Bem noite ainda, de um escuro imaculado

Vou para os campos de maresias e geadas

Ao som de chocalhos e balires por todo o prado

Abro o redil, escancaro todas as portadas


É um regalo ver as pressas dos carreiros

De ovelhas espalhando-se p’la ladeira

Procurando landes, sementes dos sobreiros

P’ra matar a fome duma noite inteira


Acolá a mãe que as recentes crias

Amamenta com um olhar de tal amor

Mal elas se distanciam em correrias

Lança um balido de cuidado e dor


Mais ao longe um casal enamorado

Investem no futuro do rebanho

É a natureza no seu jeito acostumado

De cuidar do meu pão e do meu ganho


Tanta alegria me dá este labor

De mourejar meus dias p’lo montado

Que sempre graças dou ao Criador

Por me fazer alentejano e guardar gado


(Joaquim Carrapato, pastor)

4 comentários:

  1. Poesia linda, a sugerir sentires da alma...
    No que tange a Carrapato, será pseudónimo do Joaquim...não estou a ver...
    Se fôr quem penso não o veria a agradecer ao Criador, ou, então melhor lhe ficaria dizer Graça a Deus sou Ateu.
    Descubra-se o embuçado.

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  2. Meu Caro
    O poeta é um fingidor.
    Mesmo ateu, faz-se crente para chegar onde quer.

    Mas o meu amigo Carrapato, foi criado temente a Deus e humilde admirador de gentes de algo.

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  3. A este pastor, apenas lhe falta a nódoa no peito, de se encostar ao cajado!

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  4. Quem disse?
    Debaixo daquela samarra, muito se esconde.

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