SER NINGUÉM
- Quem és tu, romeiro?
- Ninguém…
(in Frei Luís de
Sousa, de Almeida Garrett)
Neste
diálogo emblemático da peça, entre Telmo Pais e Dom João, o romeiro é um não
ser. Alguém que estando vivo pertence ao mundo dos mortos e é bom para todos
que de lá não saia. Até o fiel escudeiro, prefere que o seu senhor não se
mostre, não reclame a identidade. O mito sebastiânico português, de um povo que
espera o regresso do rei numa manhã de nevoeiro, e uma nobreza que goza as
benesses de um suserano.
Sempre
foi assim este país, uma pequena minoria que vive á grande e á francesa, (neste
caso á castelhana), e o povo que tenta sobreviver.
Ser
ninguém, é uma impossibilidade. O facto de ser pressupõe alguém, alguma coisa.
Não
se trata do shakespeariano ser ou não ser, (to be or not to be), nós, como
sempre complicamos tudo deparamo-nos com um ser e não ser.
Já
me senti ninguém muitas vezes. Tempos difíceis, passados no escuro da vida, a
arquitetar sonhos de concretização nunca imaginada.
Amanhã,
não sei o que serei. O amanhã preocupa-me, mas não ao ponto de me esconder do
mundo. Espero …
Sei
que hoje sou muito pouco mas estou certo de não “ser ninguém”, sou o que sou,
sou eu.
Amigo Joaquim, todos somos alguém, mesmo depois de termos desaparecido deste mundo dos vivos, seja qual for a vida que tivermos vivido.
ResponderEliminarPor isso tu és o que és e eu também e todos nós...
porém, em meu entender, a afirmação do Romeiro,quer dizer que ele, embora vivo, já se entendia como ninguém, pelo facto de não ser querido pela maioria dos que antes o amavam...mas isto é somente o meu entender.
Bj.
Maria Mamede
Entender que está correto.
ResponderEliminarEra melhor para todos, ele não existir.