DOIS SÓIS
Ele,
era um homem com uma timidez disfarçada e um passado de vida muito complicado.
Ela,
uma bela morena de sorriso fácil e cabelo enrolado, num corpo perfeito de
bailarina e uns atraentes olhos saltitantes.
Encontraram-se
numa tarde escura, oprimida por um céu de nuvens baixas e plúmbeas.
Ele,
filho e amante do Sol, percebeu nessa tarde que já não o necessitava. Havia
dois, nos olhos dela!
Continuaram
a ver-se nesses dias, num jogo de toca e foge de olhares. Uma linha invisível
prendia-os, por mais que lutassem contra o poderoso magnetismo que aumentava.
Conheceram-se,
deslumbrados com aquela paixão e desnorte mútuo. Foram tempos de conversas
viciantes, confissões, poesia e cartas de amor.
Amaram-se
uma única vez e não foi bom. Ele, por insegurança e a consciência de que não tinha
direito de tocar o céu. Ela, talvez por o sentir fraco. Quem sabe?.
Para
ele tudo “aquilo” era nada, para tanto amor.
Ela
um dia partiu, ele ficou a colar os cacos, a refazer-se, como sempre tinha
acontecido.
Depois,
construiu um ninho quente para aquele sentimento. E deixou-o a hibernar num
canto soalheiro do coração, com janela para o improvável…
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